Antes mesmo de acessar o pórtico de entrada do Parque Nacional da Lagoa do Peixe, em Tavares, no Litoral Médio, é possível visualizar, do alto da Estrada do Talhamar, a principal via de acesso, um grande deserto no lugar dos 35 quilômetros de extensão da Lagoa do Peixe. É o segundo ano consecutivo em que a estiagem afeta a fonte de sustento para 201 pescadores da região. O fato é considerado inédito até para os moradores mais antigos. Ninguém lembra de a lagoa secar dois anos seguidos. E desta vez, a situação é ainda mais cruel: se em 2022, o grande espelho de água evaporou em 50% da área, agora, já chega a 90%, com risco de ficar muito próximo dos 100%.
Encravada no parque sob gestão do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), a Lagoa do Peixe é dividida em oito setores de pesca — Velha Terra, Costa, Lagamarzinho, Paiva, Barra da Lagoa, Formiga, Capitão e Chica, a Lagoa do Peixe ainda tem dois deles com água (Velha Terra e Barra da Lagoa). No setor Costa, o mais próximo da Estrada do Talhamar, uma lâmina de menos de 15 cm de profundidade de água quente, que se estende por cerca de dois quilômetros de extensão, tem sido disputada por peixes, crustáceos, aves e pescadores.