A guerra no Leste europeu, travada entre Rússia e Ucrânia, após a invasão e intensos ataques dos russos ao país vizinho, gera enormes consequências no mercado global de aço e de matérias-primas ligadas à cadeia mínero-siderúrgica. Os dois países são grandes produtores mundiais de bens siderúrgicos e de matérias-primas metálicas.
“Além de grandes produtores, são dois países muito relevantes em termos de exportações”, afirma Germano Mendes de Paula, professor-doutor da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e especialista na indústria siderúrgica, com pós-doutorado na Universidade de Oxford.
Em resumo, Ucrânia e Rússia exportam aproximadamente 4% de minério de ferro transoceânico. Mas são grandes atores do mercado em pelotas de ferro – 25% do volume estimado de 130 milhões de toneladas por ano.
Em linhas gerais, destaca o especialista, num contexto de desarticulação das cadeias produtivas na Ucrânia e da imposição de sanções para as exportações russas de minério de ferro, ferro-gusa e semi-acabados (como placas e tarugos), isso tende a gerar um desvio de comércio a favor de produtos brasileiros.
A Ucrânia produz em torno de 80 milhões de toneladas por ano de minério de ferro e exporta perto 46 milhões, das quais 18 milhões de toneladas na forma de pellets (pelotas). As principais produtoras são Ferrexpo e Metinvest, cujas operações estão suspensas
A Rússia, por sua vez, produz ao redor de 105 milhões de toneladas, com vendas ao exterior de 22 milhões de toneladas. Do volume exportado, 12 milhões são de pelotas de ferro, produzidas principalmente por Metalloinvest e SVST.