Banco Plural pressiona fornecedores da Ecovix a fazer acordo de dívidas anteriores a qualquer custo

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   O Banco Brasil Plural tenta viabilizar um comprador para o Estaleiro Rio Grande que pode ser a Cosco, da China

O Banco Plural, que assumiu no mês passado a missão de reestruturar o Estaleiro Rio Grande da Ecovix, fez nesta segunda-feira (14) a primeira reunião com todos os fornecedores da companhia. E jogou pesado na negociação, oferecendo o pagamento do principal da dívida, com um desconto de 37%. Isso sem considerar juros ou correção monetária ou mesmo a atualização dos impostos recolhidos pelos fornecedores no momento das emissões das notas fiscais. O início da assembleia foi marcado por um discurso dos representantes do banco, que  solicitou a adesão de todos. Foi frisado que se 60% dos fornecedores aderissem ao acordo, seria usado o recurso do acordo vinculante, levando de enxurrada os outros 40% que estivessem em desacordo. Foi o melhor estilo de se encostar a faca no pescoço.

Durante a apresentação, foi anunciado que todos os acordos de recebimento feitos anteriormente estavam anulados e o que prevaleceria a partir de então era esta nova modalidade de solução. O argumento inicial usado para que os fornecedores fechassem o acordo era de que a dívida já se arrastava há muito tempo, que as empresas estavam sofrendo e que, estando no final do ano, a entrada desse dinheiro seria um benefício para elas.

Foi passado um documento simples, de duas páginas, celebrando o acordo entre as partes. Quem quisesse, assinaria. Além de quase humilhar as empresas com a proposta de abrir mão do que lhes é devido, em alguns casos há mais de dois anos, o banco informou que primeiramente a Petrobrás deve dar o sinal verde para a assinatura do acordo. Depois, a confirmação de que empresa só receberia se  devolvesse ou liberasse os equipamentos e/ou componentes que foram ou estivessem retidos em função do não recebimento dos pagamentos que deveriam ser feitos pela Ecovix.

Além de um grande de número de representantes das empresas fornecedoras na assembleia, estavam presentes também Fabio Vassel, do Banco Plural, que desde o dia 11 de novembro passado é o CEO da Ecovix, Guilherme Grunser, da Brasil Plural Óleo&Gás, Guilherme Tavares, da Ecovix Estaleiro, Pedro Bianchi, sócio da Felsberg Advogados, Fernanda Mattos e Ana Catarina, advogadas da Ecovix.

O que se sabe é que o Banco Brasil Plural tenta viabilizar um comprador para o Estaleiro Rio Grande  e que este comprador poderia ser a Cosco, da China. Especula-se que a Mitsubishi, que tem 30 % do negócio, vai sair. A Ecovix, dona do Estaleiro Rio Grande, é mais um que vem sendo fortemente afetado pela crise nacional, culminando em uma paralisação realizada por 5.500 trabalhadores no final de outubro. A reclamação dos operários era a falta de pagamento das rescisões de 280 funcionários que haviam sido demitidos. A situação crítica do Ecovix é mais um reflexo da dura realidade que se abateu sobre o Polo Naval de Rio Grande, com milhares de demissões ocorrendo desde o ano passado.

Além disso, outros estaleiros pelo país vêm vivendo o mesmo drama, como é o caso do Brasfels, que demitiu 1.500 pessoas nas últimas semanas, o do Eisa, que fechou as portas nesta segunda-feira (14), e do Enseada, que soma mais de 5 mil demissões no Rio e na Bahia desde o final de 2014.

O Ecovix havia recebido a encomenda de seis cascos dos FPSOs replicantes da Petrobrás – num contrato avaliado em US$ 3,46 bilhões -, mas ainda vem tendo dificuldades para finalizar as primeiras embarcações. A P-67, por exemplo, foi encaminhada para finalização na China depois de um ano de atraso na obra, sendo que a P-69 também será feita em solo asiático.