Artigo: As Uvas na Campanha Gaúcha e a Seca

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 Valter José Potter,Pres. Assoc. Produtores de Vinhos Finos da Campanha Gaúcha

 

Muito se tem comentado e reportado sobre os prejuízos da produção agropecuária, como um todo, devido à forte estiagem que assola a Campanha Gaúcha. E é bem verdade que o milho, soja, arroz, sorgo, hortaliças e a pecuária estão acumulando grandes prejuízos pela escassez de chuvas.

No entanto, a produção de uvas finas (Vitis Vinífera) está tendo ótimos resultados com esta tremenda estiagem, pois estamos colhendo uma safra de excelente qualidade enológica e em termos de produtividade (volume), onde não aconteceu deriva do herbicida 2,4D, está sendo normal e em alguns parreirais até acima da média das colheitas correntes, mas com ótima graduação de açúcar e polifenóis maduros, aromas marcantes, acidez adequada e muito boa cor e estrutura.

O resumo final é que, até aqui, estamos passando bem pela temida seca que assola a Campanha Gaúcha, e que demonstra mais uma vez que a diversificação de culturas é uma alternativa para a região e para situações como esta

Isto tudo porque a brotação, floração e frutificação na primavera foram excelentes e se não houvesse a estiagem teríamos uma super safra de produtividade também. A questão é que na Região da Campanha, além dos solos terem uma formação geológica e geomorfológica diferenciada, com solos menos pedregosos, permitindo que a planta desenvolva raízes mais profundas, em certas situações até 15-18 metros, confere uma maior disponibilidade hídrica suficiente para sua produção.

Outro aspecto é que na Região da Campanha Gaúcha o clima no verão quase sempre tem pouca chuva, muito sol e umidade relativa baixa, e isso é que favorece a produção de Vitis Vinífera, que hoje já responde por 20% da produção de vinhos finos do brasil, mas que poderia já estar acima disso, se não houvesse depressão da produção e cerceamento de novos plantios pela deriva do 2,4D usado nas lavouras de grãos no final no inverno e início de primavera e atingindo vinhedos e oliveiras próximas.

Até agora, a colheita das variedades precoces, de ciclo mais curto como são as uvas brancas e as variedades de ciclo médio tem sido acima da média em produtividade e muito boa qualidade. A expectativa é que nas de ciclo mais longo cair um pouco a produtividade, mas manter a qualidade enológica excepcional, classificando-se na categoria de vinhos nobres, acima de 14% graduação alcoólica.

O resumo final é que, até aqui, estamos passando bem pela temida seca que assola a Campanha Gaúcha, e que demonstra mais uma vez que a diversificação de culturas é uma alternativa para a região e para situações como esta. Portanto é urgente medidas que não atrapalhem e facilitem o aumento de culturas alternativas como uvas e oliveiras.