Aprendendo de graça com os tops

0
754
IMPRIMIR
Renato Pedrosa, da Unicamp, ensina Cálculo na Univesp TV: campeão de audiência

Por que, na sociedade do conhecimento, os superastros estão na indústria do entretenimento? Professores podem ser superastros? Falando de professores, faz sentido gastarem o tempo em sala de aula entregando conteúdo, em vez de elaborar sobre ele? Se cai na conta da “ignorância” a culpa por boa parte dos males de um país (e do mundo), por que tão poucos têm acesso à educação?

A resposta para tudo isso pode estar na educação de graça online, acessível para todos. É esse espírito que une projetos da segunda onda da coalizão informal que se propõe a revolucionar o ensino em escala global. Para falar sobre esse processo, o Estadão.edu ouviu representantes de dois portais, o americano Coursera e o brasileiro Veduca, e da Universidade Virtual do Estado de São Paulo (Univesp) – que ganhará autonomia se a Assembleia aprovar um projeto enviado pelo governo paulista no dia 18.

Também no dia 18, o Coursera anunciou que recebeu de investidores US$ 16 milhões para produzir videoaulas, além do fechamento de parcerias com as Universidades de Stanford, Berkeley, Michigan, Princeton e da Pensilvânia. Em vez das pesadas estruturas criadas por consórcios de universidades para oferecer educação a distância que naufragaram nos anos 90, tanto o Coursera quanto seu antecessor imediato, o Udacity, nasceram de iniciativas individuais. Foram criados por professores que deixaram cargos cobiçados em Stanford na esteira do sucesso de três cursos presenciais transpostos para a web. Cada um deles atraiu no ano passado mais de 100 mil alunos de todo o mundo.

A ideia é oferecer cursos (na verdade disciplinas), normalmente divididos em módulos de uma dezena de aulas. “Nossa estratégia tem sido buscar parcerias com universidades top”, diz um dos criadores do Coursera, Andrew Ng, que dava aulas de Ciência da Computação em Stanford (leia entrevista neste link). “Estamos colocando o conteúdo dos cursos online, seja de Finanças ou de Ciência da Computação. Embora pertençam ao universo do ensino superior, muitos cobrem tópicos de interesse geral: poesia, sociologia, história da internet ou efeitos das vacinas na saúde humana.”

Na semana passada, o Coursera adicionou seis cursos aos sete que já estavam disponíveis. Nos próximos meses, serão mais 30, dados por professores-celebridades, como Charles Severance, da Universidade de Michigan, que vai contar em seis semanas, a partir de 23 de julho, a história da criação da web e de como ela funciona no curso História da Internet, Tecnologia e Segurança. “Para operar num mundo centrado na informação, precisamos entender como funciona a tecnologia em rede”, explica, no portal.