Aplicativos ajudam a manobrar navios em portos e na logística de frotas nas cidades

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Tecnologias saem das universidades como ferramentas parecida com o Waze para facilitar operações, aumentar a segurança e reduzir custos

por Cleide Carvalho e Sérgio Matsuura

Se um aplicativo que indica caminhos mais rápidos faz a alegria de mais de 14 milhões de motoristas país afora, imagine uma facilidade tipo Waze nas mãos dos responsáveis pelas manobras de gigantescos navios cargueiros no litoral brasileiro, ou no controle logístico de frotas de veículos nas cidades. Algoritmos para esses fins já existem, para facilitar operações, aumentar a segurança e reduzir custos.

No Porto de Suape (PE), o PortablePilot Unit (PPU) está sendo testado há cerca de um mês pelos práticos. A ideia nasceu dentro da Universidade de São Paulo e deu origem à Navigandi, start-up que soma esforços a outras empresas do setor voltadas ao aumento da produtividade dos portos brasileiros.

A proposta era criar um equipamento portátil, leve e capaz de municiar as manobras portuárias com dados precisos, fornecidos por sensores levados às embarcações logo na chegada ao porto. Com a parceria dos práticos de Suape, o PPU levou a simplicidade do Waze à interface de uma operação bem mais complexa, que inclui, por exemplo, além da carta náutica, cálculo da distância com os demais pontos do porto, outros navios e previsão de deslocamento à frente, que tem sido configurada em até sete minutos.

O modelo de negócios escolhido foi o contrato de aluguel e serviço de suporte e atualização, que barateia o acesso e permite incorporação constante de novas ferramentas.

O PPU não substitui os práticos — pouco mais de 600 profissionais em atuação nos portos brasileiros —, mas garante a eles e às embarcações maior segurança nas manobras portuárias. O que antes era feito apenas pela experiência e olhar atento, agora tem apoio científico.

— Os navios têm tecnologia embarcada, mas os comandantes de várias nacionalidades não têm conhecimento local. A condução na entrada dos portos é desafiadora. Qualquer erro pode causar prejuízos financeiros e até desastres ambientais — diz Edgar Szilagyi, outro sócio da Navigandi.

Enquanto os investimentos em infraestrutura portuária não chegam — o déficit é estimado em mais de R$ 15 bilhões na última década — a tecnologia ajuda a mitigar carências. Uma delas envolve a integração ao PPU de dados de outra empresa, a Argonáutica. Segundo Felipe Ruggeri, um dos sócios da Argonáutica, o desenvolvimento tecnológico foi acelerado a partir de 2013, com a nova Lei dos Portos, que permitiu aos terminais movimentar cargas de terceiros e aumentou o interesse da iniciativa privada no setor.

https://oglobo.globo.com/economia/aplicativos-ajudam-manobrar-navios-em-portos-na-logistica-de-frotas-nas-cidades-24804853