Acidentes podem ocorrer no cais santista, diz especialista

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Acidentes como o que ocorreu no Canal de Suez, no Egito, podem acontecer em qualquer via navegável estreita e que receba grandes embarcações. A combinação de largura reduzida e cargueiros cada vez maiores também é uma realidade no Porto de Santos. E, segundo o presidente da Praticagem de São Paulo, Bruno Tavares, um acidente desse tipo pode acontecer no cais santista, desde que não sejam tomadas as precauções necessárias.

“Em qualquer canal estreito é possível acontecer isso com navios de grandes dimensões. Dependendo do trecho em que a embarcação estiver passando, caso haja problema como o de Suez, o navio poderia ficar atravessado também”, afirma o presidente da entidade que reúne os práticos que atuam nos portos de Santos e São Sebastião, no Litoral Norte.

De acordo com Tavares, a possibilidade de um acidente cresce conforme o tamanho das embarcações. E, no mês passado, a Marinha do Brasil autorizou o tráfego de cargueiros com até 366 metros no canal de navega- ção do cais santista. Com isso, a preocupação e os cuidados aumentam.

“À medida que os navios vão crescendo de tamanho, o risco também aumenta. Nós, da Praticagem de São Paulo, nos preparamos sempre que navios de maiores dimensões, como os de 366 metros, começam a operar no Porto. Nesse caso, além de simulações realizadas no Tanque de Provas Numérico da USP, investimos também em treinamentos em modelos tripulados, em Covington, nos Estados Unidos”, explica o profissional.

Para garantir que as manobras de entrada e saída de cargueiros vão acontecer de maneira adequada e sem riscos de eventuais acidentes, a Praticagem investe em treinamento e inovação. “É preciso se certificar de que todas as medidas de segurança estão sendo adotadas ao manobrar um navio desse porte. Nosso exemplo seria o de 366 metros. Daí a importância de práticos qualificados, infraestrutura e tecnologia adequadas para garantir que a navegação no canal e a manobra sejam seguras, além da fiscalização das autoridades marítima e portuária”.

Tavares aponta o impacto de um acidente como o de Suez no cais santista. “Um navio atravessado no canal do Porto de Santos impediria o tráfego de navios, o que impactaria diretamente na economia do Brasil”.