“Abrimos uma concorrência, quem vence decide”, diz presidente da Petrobras sobre saída de Rio Grande

0
440
IMPRIMIR
 Para o sindicato dos metalúrgicos, manutenção do empreendimento poderia gerar 2,8 mil empregos / JCRS

O presidente da Petrobras afirmou que cancelar a construção da plataforma P-71 em Rio Grande, no sul do Estado, não é uma decisão de mercado:

– Nós não determinamos onde vamos construir. Abrimos uma concorrência, e quem vence é quem decide – afirmou à reportagem de GaúchaZH, em rápido contato, Pedro Parente. 

O casco da P-71 vai ser finalizado na China, enquanto a integração dos módulos será feita no Espírito Santo. O fato causou protestos na cidade do sul do Estado. Segundo o sindicato dos metalúrgicos, em torno de 50% da estrutura está pronta e seriam necessários de 800 a mil empregos diretos para concluir o casco no Rio Grande do Sul.

Vice-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Rio Grande e São José Norte, Sadi Machado afirma que em torno de 50% da estrutura está pronta no Ecovix. Segundo ele, se o casco fosse concluído em Rio Grande, seriam necessários de 800 a mil empregados diretos. 

—  O fato de terminar os trabalhos no Espírito Santo não tem problema. É tranquilo. O que incomoda é o casco estar 50% pronto aqui em Rio Grande — declara o sindicalista. — A Petrobras havia dito no ano passado que não tinha mais interesse na P-71. Agora, não tenho dúvida de que o casco em Rio Grande vai virar sucata — acrescenta. 

Segundo a Petrobras, o CIMC Raffles será o estaleiro chinês responsável pelo casco da P-71. No Espírito Santo, o Jurong fará a conclusão dos trabalhos com a integração dos módulos.

— Quando a Petrobras rescindiu o contrato com o Ecovix, a conclusão da P-71 ficou em aberto. O sucateamento de um equipamento tem um efeito desastroso para a sociedade daqui — critica o vice-reitor da Universidade Federal do Rio Grande (Furg), Danilo Giroldo, também presidente do Arranjo Produtivo Local (APL) Polo Naval e de Energia.

A escassez de encomendas da Petrobras nos estaleiros gaúchos é resultado da mudança de política da estatal. Ao apontar custos de produção reduzidos e menor tempo de entrega no Exterior, a empresa tem apostado nas compras fora do Brasil. 

Questionada por GaúchaZH, a Petrobras informou que, “por questões de ordem técnica e econômica”, a alternativa de aproveitar os blocos já fabricados em Rio Grande “não é a que melhor atende aos interesses” da empresa e de seus parceiros. A companhia ainda comentou que escolheu a China para a construção do casco porque “não foram identificados no Brasil estaleiros com capacidade a atender à demanda”.

GaúchaZH tentou contato com a Engevix, dona do Ecovix, mas não teve retorno até a publicação desta reportagem. 

Confira a íntegra da nota enviada pela Petrobras:

“O casco da P-71 será construído pelo estaleiro chinês CIMC Raffles, visto que no momento da licitação não foram identificados no Brasil estaleiros com capacidade de atender a demanda de construir um novo casco deste porte.  Com base no planejamento atual, há previsão de atendimento ao conteúdo local do contrato de concessão e o casco tem previsão de entrega no final de 2019. A integração dos módulos da planta de processo no casco está prevista para ser realizada no estaleiro Jurong, no Espírito Santo, onde também está planejada a construção de alguns módulos. Por questões de ordem técnica e econômica, a alternativa de aproveitar os blocos já fabricados não é a que melhor atende aos interesses da Petrobras e de seus parceiros.”

Fonte: Gaúcha ZH