A MALA SEM ALÇA

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*por Ivon Carrico

Após o acidente do voo Gol 1907, em 2006, o setor aéreo brasileiro colapsou, o que ficou conhecido como “apagão aéreo”.

Daí a correspondente CPI que evidenciou – à ocasião – o pífio desempenho da ANAC/Agência Nacional de Aviação Civil. Inclusive, o TCU – também – apontou como causa o corte de recursos e a falta de planejamento no setor.

Mas, após esses nebulosos dias, o setor aéreo brasileiro voltou a navegar em ‘céu de brigadeiro’, com os preços dos bilhetes aéreos – entretanto – na estratosfera.

Querendo surfar na onda, digo, nas nuvens e, sob o precioso e auspicioso ‘argumento’ de baixar os custos operacionais das companhias aéreas e, com isso, baratear os preços das passagens, eis que – em 2016 – essa mesma ANAC novamente emerge ao editar Resolução autorizando as empresas aéreas a cobrar por bagagem despachada, ou seja, aquela transportada no bagageiro do avião.

Entretanto, ao invés, os preços das passagens dispararam, o serviço de bordo praticamente desapareceu e – ainda – diminuíram a distância entre os assentos para acomodar mais passageiros.

Hoje, viajar de avião no Brasil tem sido uma epopeia diante do flagrante e constante desrespeito aos compradores desses serviços. Com os porões vazios (visto a inominável cobrança das bagagens desacompanhadas), mas com os bagageiros dentro das aeronaves abarrotados de bagagens de mão, aviões têm cruzado os céus brasileiros.

No Governo passado houve uma tentativa para a volta do despacho gratuito de bagagem, mas o então Presidente da República, Jair Bolsonaro, vetou alegando que “encareceria as passagens”!!!!

Em função desse confuso quadro – que deixa indignados os usuários desses serviços – temos assistido, com inusitada frequência, inúmeros entreveros nos Aeroportos e nos aviões.

Como o ocorrido no embarque dos passageiros do avião da GOL que voaria de Salvador para São Paulo, no dia 28 de abril do corrente. Na ocasião, uma jovem passageira, negra, Professora, foi expulsa da aeronave por se negar a despachar uma mochila que, aliás, já fora devidamente acomodada como bagagem de mão no bagageiro superior (como recomendam as Normas de Segurança).

O que se viu nas mídias impressas, televisivas e eletrônicas foi uma abordagem desnecessária e de muito constrangimento e humilhação para essa passageira.

Contudo, após rápida ação das Autoridades e Órgãos governamentais serão instaurados os devidos procedimentos administrativos, penais e cíveis, para apurar a conduta e a responsabilidade da tripulação, da companhia aérea e dos Agentes da Polícia Federal envolvidos.

O Governo e a sociedade brasileira não podem mais contemporizar com tanta intolerância e desrespeito.

* Ivon Carrico, Engenheiro Civil, Servidor Público Federal, com passagem por 10 órgãos federais. Dentre eles a Anvisa e a Presidência da República