>A cidade das estrelas

0
854
IMPRIMIR
>Foi no pico de uma das montanhas da gelada cordilheira Macquarie, que tem 90 metros de seu corpo submerso na Antártica, que uma equipe de cientistas da Austrália e da Nova Zelândia deparou-se com um cenário de vida e cores: milhões de estrelas- do-mar. “A primeira coisa que nos veio à mente foi: encontramos a cidade das estrelas”, diz Ashley Rowden, um dos biólogos do Instituto Nacional de Pesquisa Aquática e Atmosférica (Niwa), da Nova Zelândia. O hábitat desses animais marinhos é uma cadeia montanhosa que se estende ao longo de mais de 1,4 mil quilômetros, um santuário ecológico que até a semana passada era completamente desconhecido do homem.

Por que esse local abriga uma colônia de estrelas-do-mar? “Estudamos minuciosamente as condições climáticas e ambientais”, diz Mike Williams, também integrante da expedição. Eis a resposta: a região onde elas se concentram é justamente um dos raros lugares onde a Corrente Circumpolar Antártica sofre um desvio natural – ou seja, as estrelas assim se protegem.

A Corrente Circumpolar é uma espécie de gigantesco rio submarino que conecta os oceanos Atlântico, Pacífico e Índico, circulando em sentido horário em torno do Pólo Sul. Segundo Williams, ela se move através dos desfiladeiros e do pico da cordilheira a uma velocidade de quatro quilômetros por hora e formando uma corrente muito mais forte do que toda a água que flui dos rios de todo o mundo. “É como se esses animais marinhos, para sobreviver, só precisassem estender os braços e capturar os nutrientes que são empurrados pela corrente”, diz ele. “E a força da água ainda os protege dos predadores. Resumindo, ali existe a condição ideal de vida para as estrelas-do-mar.”