Ainda o Seminário Internacional da Praticagem

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Seminário foi realizado de 9 a 10 de maio no hotel Windsor Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro

Uma pesquisa  da Confederação Nacional do Transporte (CNT) mostrou que os armadores consideram o trabalho dos práticos brasileiros bom, embora caro. O Governo criou um grupo de trabalho para reorganizar o setor. Os práticos se mobilizaram e promoveram no Rio de Janeiro um encontro internacional sobre sua atuação.

Foram várias as palestras de alto nível ,mas em destaque a  do presidente da organização mundial que reúne os práticos (International Maritime Pilot’s Association -IMPA), o americano Michael Watson. Em sua palestra, Watson afirmou que os práticos precisam de independência, para que possam ter condições de se negar a receber ordens dos armadores, seja para manobra arriscada ou para não adotar um atalho ou na contratação de mais rebocadores. “Em todo o mundo, os práticos constituem um monopólio regulado, como no Brasil. Se houvesse concorrência entre eles, para que os armadores escolhessem o profissional mais barato, esse serviço não seria tão respeitado em todo o mundo, como o é, pelos operadores, autoridades e pelo mercado de seguros”.

Disse Watson que os Estados Unidos são a terra da competição mas, até lá, aceitam que não pode haver disputa pelo preço mais baixo na escolha dos práticos.

“Sei que o Governo de vocês estuda mudanças no sistema vigente para os práticos, mas acho um risco mudar. O prático presta serviços altamente técnicos e não pode ser comparado a outros profissionais. Presta serviços 24 horas por dia, 365 dias por ano. Não discrimina clientes. Atende, por sistema de rodízio de profissionais, tanto a um opulento armador como a um barco de empresa pequena com o mesmo empenho”.

Citou problemas com as marés, ventos, equipamentos de alta tecnologia, diversidade das pontes de comando e acrescentou:

 “O tamanho dos navios está aumentando e a quantidade de embarcações. E todos sabem que os canais de acesso aos portos não crescem na mesma proporção, o que torna o trabalho dos práticos cada vez mais necessário. Além disso, os armadores querem reduzir suas tripulações e, em muitos casos, lhes dão pouco treinamento. A cada dia mais, os práticos têm de operar com equipamentos de controle remoto”.

Sobre queixas de preço, por parte de armadores, afirmou:

“Quem paga o prático é o armador. Mas o cliente principal é o interesse público. Boa atuação do prático evita morte, previne acidentes no ambiente e enseja bons lucros no comércio. Nosso trabalho não pode ser visto como uma simples despesa”.

Informou que a Flórida é o ponto principal de chegada de navios de passageiros e que, na região, as autoridades fizeram questão de aprovar leis de garantia do trabalho dos práticos, apesar de queixas dos donos de transatlânticos, sempre preocupados em cortar custos, elevar lucros e fugir de impostos.

Mas duas frases na minha opinião foram o destaque e chamaram a  atenção de todos os presentes. Foi na palestra  de Pablo Pineda, diretor da Praticagem do Rio da Prata

O exemplo argentino deve ser evitado por colocar em risco a segurança das embarcações e das populações lindeiras”

“Eu confesso que  fiquei morrendo de vergonha ao dizer que não processamos o armador, porque senão perderíamos o cliente. A concorrência transformou a praticagem argentina  em um mundo cão. Sofremos para ganhar mais, mas se não brigarmos pela dignidade, nada mais nos restará. Quem vai assumir  a responsabilidade por tudo isso?

Pablo Pineda,comentando que quando um prático argentino caiu ao mar  por deficiência na  escada do navio que estava embarcando, nenhuma providência foi tomada por medo de represálias do armador