Iphan investiga possíveis vestígios de embarcações históricas em Mostardas, no RS

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Grupo de turistas encontrou pedaços da embarcação após a ressaca do mar na Praia do Bacupari, em Mostardas — Foto: Adriano Marcelino/Arquivo Pessoal

A Superintendência do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan-RS) abriu um processo administrativo para averiguar o surgimento de possíveis vestígios de embarcações antigas em Mostardas, no Litoral Norte. Uma vistoria está marcada para esta quinta-feira (11), mas relatos apontam que os objetos estejam há cerca de uma semana no local.

A forte ressaca que atingiu a costa gaúcha na semana passada, após a passagem de um ciclone, arrastou possíveis pedaços de embarcações para a Praia de Bacupari. Segundo o Núcleo de Pré-História e Arqueologia, da Universidade de Passo Fundo (UPF), pelas características, se trata da parte lateral do casco de uma nau – navio de grande porte – usada nas expedições portuguesas e espanholas.

“A cavilha é o cravo ou o prego de madeira. É um sistema que representou uma espécie de evolução muito importante na marcenaria naval, e era muito utilizado, por exemplo, nas naus de Ribeira, principalmente em Portugal. Desde a origem, as naus, as caravelas usavam muito esse sistema. Só depois vem cravos e pregos de metal, latão, bronze e ferro na construção das embarcações”, explica o professor e historiador Tau Golin.

O prefeito de Mostardas, Moisés Pedone, confirmou que os artefatos estão no 4º distrito do município, a 70km da prefeitura. Como é um local de difícil acesso, foi preciso esperar baixar a maré para encontrar o material.

A vistoria será realizada por um técnico arqueólogo com o objetivo de registrar a atual situação dos vestígios, seu contexto (em relação ao restante do navio), quais os riscos para sua preservação e detalhes construtivos que auxiliem na identificação da embarcação.

Pedaços de madeira encontrados em Mostardas (RS) podem ser de embarcações históricas — Foto: Prefeitura de Mostardas/Divulgação

O historiador acredita que, caso esses pedaços componham a mesma embarcação de outros vestígios encontrados na década de 1990, será possível reconstituir um navio dos séculos 16 e 17, período das primeiras navegações no RS.

“O fato de encontrar na costa do Rio Grande do Sul uma embarcação que os pranchões de costado têm para sua fixação a cavilha de madeira é uma informação muito importante. Pode possibilitar estudos da técnica de construção e investigar o tipo de madeira e, pelo pedaço encontrado, imaginar mais ou menos o tamanho da embarcação”, sugere Golin.

Segundo o Iphan, após a vistoria serão definidas as ações mais adequadas para a preservação desses vestígios.

Fonte: Por Matheus Beck e Flávia Dias*, G1 RS e RBS TV