Previsibilidade é desafio para operações simultâneas de conteineiros

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Após chegada dos primeiros New Panamax em Santos, Praticagem-SP reforça necessidade de atuação conjunta entre atores para garantir pontualidade e não afetar dinâmica do complexo portuário quando houver trâfego de embarcações de maiores dimensões pelo canal

Após as primeiras atuações com navios classe New Panamax em Santos, a Praticagem de São Paulo avalia que é preciso garantir previsibilidade e a certeza de que o conteineiro que vai deixar o porto carregado esteja pronto no horário exato de saída para não conflitar com a entrada de outro porta-contêiner pelo canal. O vice-presidente da Praticagem São Paulo, Bruno Tavares, explicou que, para fazer operações simultâneas com a presença de navios de grande porte, existe o desafio do planejamento conjunto entre os diferentes atores do complexo portuário, a fim de afastar o risco de interromper outras operações se uma manobra atrasar ou for cancelada, o que pode afetar o tráfego e a dinâmica do porto como um todo.

“Uma operação que deveria ser casada, se não funcionar, mexerá com todo o tráfego daquele porto. Esbarra em outros navios e em outros movimentos do porto. Se não der certo, gera um efeito dominó”, disse Tavares, na última terça-feira (2), durante a 36ª reunião do Comitê de Usuários dos Portos e Aeroportos do Estado de São Paulo da Associação Comercial de São Paulo (Comus/ACSP), que discutiu a experiência da praticagem local na operação no Porto de Santos dos primeiros New Panamax, com 366 metros de comprimento e cerca de 50m de boca.

Na ocasião, ele frisou que terminais, agentes, armadores, praticagem, autoridade portuária e autoridade marítima, que vêm discutindo essas operações desde 2016, precisam cada vez mais trabalhar em conjunto, como uma engrenagem. Tavares considera que os conteineiros têm previsibilidade maior do que outros tipos de carga a granel, por exemplo, mas vê espaço para melhorar essa movimentação. “Ainda há espaço para melhorar, deveria ter uma eficiência maior no sentido de previsibilidade melhor, senão vai criar um efeito dominó gigantesco no porto inteiro”, afirmou.

O Comus/ACSP entende que, para o complexo de Santos funcionar como um efetivo porto concentrador, é necessário pensar numa verdadeira ‘orquestra logística’ operacional. O comitê acredita que, num horizonte de cinco anos, será preciso fazer o uso mais eficiente possível dos ativos para alcançar esse objetivo, em especial quanto aos terminais de contêineres e às vias de acesso.

O coordenador do Comus/ACSP, José Cândido de Almeida Senna, salientou que o ETA (estimativa de chegada do navio no terminal portuário) do contêiner de longo curso em Santos precisa casar com o ETA do feeder em portos como Vitória (ES) e Salvador (BA), levando em conta as diferenças de carga e descarga e considerando que as operações de longas distâncias e domésticas ocorrem em terminais diferentes. “Para que tenhamos êxito nessa concentração em Santos, precisamos que essas chegadas sejam cada vez mais previsíveis e que haja pontualidade para que todo sistema logístico, não apenas aqueles em nível de importadores, exportadores e operadores logísticos, mas também os ligados ao serviço de longo curso em Santos e no feeder de cabotagem”, analisou.

Ele também vê o mercado trabalhando pressionado em relação à taxa de ocupação de berços, não somente no Porto de Santos. Além disso, por conta das adversidades climáticas e de conflitos geopolíticos, o Comus percebe que porta-contêineres de dimensões menores que os New Panamax hoje chegam aleatoriamente, num padrão semelhante ao verificado nas décadas de 1980 e 1990 com os tradicionais cargueiros de longo curso. “É relevante que, tendo uma previsão de chegada mais confiável, possamos trabalhar com taxas de ocupação mais confortáveis. Operações casadas de atracação e desatracação passando pelo canal são possíveis somente se houver previsibilidade e pontualidade”, concluiu Senna.

Fonte: Portos e Navios

https://www.portosenavios.com.br/noticias/portos-e-logistica/previsibilidade-e-desafio-para-operacoes-simultaneas-de-conteineiros