1ª capitã brasileira de longo curso vai comandar navio de 183 metros

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Hildelene é pioneira: foi a primeira mulher no Brasil a chegar ao cargo de imediato e se tornou também a primeira comandante da Marinha Mercante Brasileira

Quando entrou em operação, na quarta-feira (17), o navio Rômulo Almeida tinha “atrás do leme” a primeira brasileira a atingir o posto de capitã de longo curso – ou seja, habilitada a comandar qualquer tipo de navio.

“É uma realização profissional e, como comandante, um desafio”, diz a capitã Hildelene Lobato Bahia. “Saí de um Fusca para uma Ferrari”, brinca ela. A “Ferrari” em questão é o Rômulo Almeida, e o Fusca, o “Carangola”, navio que lhe deu o primeiro comando em 2009 e do qual guarda saudades e carinho.

Com 183 metros de comprimento, o Rômulo Almeida é a quarta embarcação do Programa de Modernização e Expansão da Frota (Promef). O “Gigante de Aço” foi construído no Estaleiro Mauá, em Niterói, na Região Metropolitana do Estado do Rio, com capacidade para 56 milhões de litros de combustíveis, e será usado para o transporte de derivados claros de petróleo, como gasolina e diesel, informa a Transpetro. É também o primeiro do Brasil a ter duas mulheres no comando: além de Hildelene, terá Vanessa Cunha como imediata.

O comando do Rômulo Almeida foi o grande presente que Hildene recebeu de aniversário, comemorado na segunda-feira (14), quando completou 39 anos. “É um navio moderno, com tecnologia de primeira. (…) Foi um presentão de aniversário. É importante para um profissional partir do zero, conhecer o navio, formar a tripulação. Mas dá saudades do Carangola, meu primeiro comando. Fica um sentimento de mãe, ou de órfã”, diz ela.

Hildelene é pioneira: foi a primeira mulher no Brasil a chegar ao cargo de imediato e se tornou também a primeira comandante da Marinha Mercante Brasileira.

Nascida em Icoaraci, distrito de Belém, no Pará, ela se formou em ciências contábeis pela Universidade Federal do Pará (UFPA) e prestou concurso, quase que por acaso, para a Escola de Formação de Oficiais da Marinha Mercante. Fez a prova apenas para acompanhar o irmão, e para a sua surpresa foi aprovada e passou a integrar o primeiro quadro feminino do Centro de Instrução Almirante Braz de Aguiar, em Belém. Já o irmão não passou.

Em 2003, foi aprovada no concurso público da Transpetro e passou a ser uma das primeiras mulheres a trabalhar na frota da companhia. Na primeira vez que embarcou, era a única mulher a bordo do navio Lorena e teve de driblar a estranheza dos tripulantes e o receio dos pais. Foram sete anos no Lorena, durante os quais chegou a imediata – segundo cargo na hierarquia de um navio – e a primeira capitã de cabotagem. O Lorena até ficou conhecido como “o navio da imediata”.”Vou sair de um Fusca e vou para uma Ferrari. Foi um presentão de aniversário.”, destacou Hildelene.