Desmantelamento precisará de estaleiros e gestores de rejeitos especializados, diz especialista

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    A demolição de navios em Bangladesh, é um dos trabalhos mais perigosos do mundo

O Brasil não precisará apenas de estaleiros especializados para realizar atividades de desmantelamento de navios e plataformas de forma ambientalmente correta e sustentável. O engenheiro da ABS e especialista em inventário de materiais perigosos pela Organização Marítima Internacional (IMO), Ivson Soares, avalia que, mesmo que o país venha a ter os primeiros estaleiros especializados e certificados pelas normas internacionais, será necessário formar uma rede e uma regulamentação apropriada para o descarte correto dos rejeitos provenientes dessa atividade.

“Quando pensarmos que teremos um estaleiro preparado, teremos que ter uma rede de uma indústria especializada naqueles rejeitos. É um outro desafio. Precisaremos desenvolver essa outra indústria e ter algumas regras claras definidas para isso”, disse Soares, na última quarta-feira (11), durante o 6º Workshop sobre Descomissionamento e Desmantelamento, promovido pela Sociedade Brasileira de Engenharia Naval (Sobena).

Soares, que a partir de julho assumirá o cargo de manager principal no departamento de engenharia de máquinas do escritório da ABS no Rio de Janeiro, reconhece o expertise da indústria naval brasileira, mas enxerga riscos para o cumprimento dos principais regulamentos internacionais vigentes, principalmente envolvendo meio ambiente e segurança de pessoal.Soares considera já ser uma preocupação a ausência de uma empresa especializada em fazer inventários de materiais perigosos a bordo de embarcações e plataformas. “É um passo que a indústria nacional tem que tomar. Precisa de especialistas para ter estaleiros preparados. Teremos que ter empresas especializadas”, analisou. Ele ressaltou que a empresa que trata dos rejeitos de materiais radioativos não costuma ser a mesma que trata outros tipos de rejeitos.

Para Soares, a vantagem da Europa em relação ao Brasil e aos Estados Unidos é que o velho continente já possui muitas empresas desenvolvidas em países como França, Noruega e Finlândia. Em alguns deles, existem centros de reciclagem de determinados produtos. Ele espera que o projeto de lei relacionado às atividades de desmonte de navios e desmantelamento de plataformas avance e ajude a beneficiar e credenciar a indústria brasileira para esses serviços. O engenheiro, que está baseado no escritório da ABS em Houston, disse que somente um estaleiro norte-americano tem condições de receber materiais radioativos atualmente.

Desmanche de navios na Ásia

No litoral da Ásia, homens e crianças escalam embarcações de 50 metros de altura e se expõem a metais pesados para ganhar US$ 3 por dia trabalhando no desmanche de navios. A demolição de navios em Bangladesh, é um dos trabalhos mais perigosos do mundo. Estes navios têm normalmente um ciclo de vida de 25 a 30 anos e, por isso, foram na sua maioria lançados ao mar na década de 1980.

O grosso da atividade de demolição naval desenvolve-se no Bangladesh, na Índia e no Paquistão, onde a mão de obra é barata e existem níveis mínimos de supervisão.Essa atividade barata sustenta um mercado que gira US$ 400 bilhões anuais, de acordo com o Banco Mundial, mas que, só na costa asiática, teria matado 800 nos últimos 15 anos.

Fonte: Redação,Portos e Navios / Danilo Oliveira