Brasil está importando mais combustíveis e fertilizantes. Prepare-se para mais inflação

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O Brasil, apesar de ter aumentado a produção de petróleo nos últimos anos, ainda tem capacidade de refino abaixo da demanda doméstica, o que torna o país dependente da importação de derivados do óleo bruto. Entre eles, o óleo diesel, estratégico para o transporte de mercadorias e pessoas no país.

O avanço dos preços de combustíveis importados reflete as altas cotações do petróleo em razão da guerra Rússia-Ucrânia e seu efeito na inflação foi em parte atenuado pela valorização do real frente ao dólar nos primeiros meses do ano.
A depreciação cambial mais recente, porém, aumentou a preocupação sobre a defasagem de preços praticada pela Petrobras, que está há 56 dias sem reajustar diesel e gasolina no Brasil.

Importadores já começam a fazer pressão por reajustes apontando risco de desabastecimento no mercado doméstico.
Reajustes de preços de combustíveis impactam rapidamente o bolso do consumidor. O último reajuste de preços de combustíveis nas refinarias, válido desde 11 de março, foi captado pela prévia da inflação de abril. Segundo dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA-15), divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a gasolina, que subiu 7,51%, exerceu a principal influência individual sobre o indicador e o grupo de transportes, cuja alta acelerou de 0,68% para 3,43% gerou a maior pressão entre as classes de despesas.

Os combustíveis já vinham apresentado alta de preços na importação, o que fez essa categoria avançar entre os importações totais. De janeiro a abril, foram importados US$ 12,8 bilhões em combustíveis e lubrificantes, segundo dados da Secex. O valor é praticamente o dobro dos US$ 6,5 bilhões desembarcados em iguais meses do ano passado. A alta fez os combustíveis avançarem de 10,2% no ano passado para 15,8% das compras externas em 2022, considerando o primeiro quadrimestre.
Já a importação de fertilizantes e adubos surpreendeu em abril e foi considerada atípica. O desembarque dos insumos agrícolas também cresceu principalmente pelos preços, que saltaram 130,7% em abril contra igual mês de 2021. A quantidade comprada do exterior aumentou em 81,5%.