Capitão ‘remoto’ opera navio na Bélgica

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Hoje, já são dez embarcações, apenas em rotas fluviais dentro da Bélgica. Como se trata de uma operação inicial, parte dos navios ainda trazem tripulação

O transporte de carga por meio de navios autônomos ainda não é uma realidade, mas os primeiros passos estão em curso. A Seafar, uma companhia sediada em Antuérpia, na Bélgica, é um dos grupos que tem inaugurado operações sem tripulação na Europa e planeja chegar ao fim deste ano com 26 navios comandados por capitães “remotos”, conta o diretor de operações, Janis Bargsten.

Hoje, já são dez embarcações, apenas em rotas fluviais dentro da Bélgica. Como se trata de uma operação inicial, parte dos navios ainda trazem tripulação. Outra parte funciona com uma equipe reduzida e alguns já são controlados de forma totalmente remota.

A condução é feita por um painel de controle, munido de telas e botões que operam o navio. Uma das vantagens do modelo é que o capitão trabalha no escritório, e, uma vez que seu turno acaba, pode simplesmente voltar para casa, sem precisar viver no navio por períodos tão longos – um modelo que vem afastando trabalhadores do ramo e tornando a mão de obra escassa e cara na Europa.

A operação remota também traz ganhos de eficiência, já que a tripulação representa 40% do custo da navegação por hidrovias no país. “Além disso, permite ampliar os volumes, porque o navio pode operar 24 horas por dia, sete dias por semana”, afirma Piet Opstaele, gerente de Inovação do Porto de Antuérpia, onde cerca de 46% da carga é escoada por barcaças.

A empresa começou a funcionar comercialmente em 2020. Hoje, a companhia atua em três rotas no país, com transporte de contêineres e carga seca – mas já estudam operar cargas líquidas. Para implementar a navegação remota, é preciso adaptar os navios, mas não é necessário que sejam construídos especialmente com esse fim.

Trata-se de um modelo intermediário, explica Bargsten. Para ele, o maior desafio para chegar a uma operação 100% autônoma é, mais do que tecnológico, regulatório.

“Escolhemos a Bélgica porque o país permitiu essa operação”, afirma. “A dúvida é o quanto os reguladores e a sociedade aceitarão essa tecnologia.” O diretor avalia que uma navegação totalmente autônoma ainda deverá levar de dez a quinze anos para amadurecer. “Também será preciso ampliar a infraestrutura, para permitir uma comunicação com todo o ecossistema marítmo.

A expansão da Seafar dependerá da permissão de autoridades em países na Europa, diz Bargsten. “Há testes em curso na Holanda e na Alemanha, mas é preciso ver como será a regulação.”

https://valor.globo.com/empresas/noticia/2022/05/10/capitao-remoto-opera-navio-na-belgica.ghtml