Com cheiro de naftalina

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Ivon Carrico, Engenheiro Civil, Servidor Público Federal, com passagem por 10 órgãos federais. Dentre eles a Anvisa e a Presidência da República

Alguém viu, ontem, às celebrações do ‘Dia do Trabalhador’ no Brasil? Alguém, também, acompanhou os protestos contra e a favor do Governo? Bem,… alguém conseguiu, ainda, ver ou ouvir as manifestações e discursos do Bolsonaro e/ou do Lula?

As imagens dessas ‘celebrações’ e ‘manifestações’ – disseminadas pelas TVs e redes sociais e, as manchetes dos nossos principais jornais, desta segunda-feira – respondem e traduzem com extrema clareza esse cenário insólito.

Em outras épocas, até nos tempos difíceis do Regime Militar, essa data era muito celebrada e servia, inclusive, como uma catarse para a insatisfação popular. E, acreditem, até para uma tomada de atitude de governantes e governados com vistas a uma mudança de rumos

No entanto – a falta de público, de discursos empolgantes e de propostas, ontem constatados – mais do que preocupantes, indicam tempos pouco promissores para o País, pois é inconcebível – em um ano eleitoral – essa apatia coletiva, essa falta de interesse.

Mas isso não pode ser surpresa pra ninguém, pois esses sinais vêm sendo dados há bastante tempo. Diferentes segmentos sociais têm demonstrado esse desinteresse.

O exemplo mais gritante é a pouca participação dos jovens nesse processo. Em São Paulo, recentemente, somente 11% obtiveram o Título de Eleitor, apesar das campanhas e facilidades do registro on-line.

Que saudades de 1968! O ano dos grandes debates que, a partir dos movimentos eclodidos em Paris, com a expressiva participação dos jovens, novos tempos repercutiram, àquela ocasião, para o mundo.

Hoje, entretanto, aqui em Pindorama a cena é um ‘déjà vu’, como diriam os franceses. O debate, quando existe, é pobre e insosso. Em todos os estratos sociais. Paira no ar, assim, um sufocante cheiro de naftalina. Decepcionante.