Eles ganham R$ 250 mil ao mês com a venda de carteiras, camisetas e tênis de papel: conheça a história da Dobra

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Augusto Massena, Eduardo Seelig e Guilherme Massena, os nomes por trás da fundação da Dobra, com Batman, o cachorro que assina os e-mails da empresa  Omar Freitas / Agencia RBS

Um projeto da faculdade que virou um grande negócio: esta é a história da Dobra. Em 2013, cursando Gestão para Inovação e Liderança, Guilherme Massena, junto com um grupo de colegas, precisava desenvolver um produto inovador, sustentável e lucrativo. Ao descobrir que em outros países as carteiras de papel estavam bombando, eles compraram um modelo, adaptaram aos documentos nacionais e venderam algumas unidades. 

Entre os primeiros clientes do produto estavam Augusto Massena, irmão de Guilherme, e Eduardo Seelig, seu primo, que ficaram encantados com a proposta e viram a oportunidade de negócio. Foi a partir daí que os três decidiram seguir com a ideia. 

Guilherme conta que, em 2016, quando a empresa começou a operar, os sócios já pensavam à frente: as carteiras de papel seriam ferramentas para que pudessem alcançar algo maior. Desde então, lançaram diversas novidades no portfólio da Dobra, como novos modelos de carteiras, porta-cartão, porta-passaporte, ecobags, camisetas com bolsos trocáveis e até mesmo tênis — sim, literalmente tênis de papel, com estampas para todos os gostos. 

Os tênis são certificados pela Instituto Brasileiro de Tecnologia do Couro, Calçado e Artefatos (IBTeC) e foram tão bem aprovados nos testes de resistência quanto sapatos de outras marcas, que significa suportar milhares de flexões na chuva, na umidade e no calor. 

– Os tênis exigem cuidados minuciosos na hora da produção, mas podem ser usados e lavados de qualquer forma, exceto em máquina de lavar – alerta Guilherme.

A Dobra começou no apartamento de Eduardo, em Montenegro. Depois, foram para uma casa alugada que dividiam com outras duas empresas. Hoje, contam com espaço próprio, que foi inaugurado em 1º de maio. Os produtos são feitos com a matéria prima chamada Tyvek, que é uma fibra sintética feita 30% com material reciclado, 70% material virgem e que é 100% reciclável. 

A produção é toda artesanal: a única etapa feita por máquina é a impressão. Corte, dobradura, colagem, costura e montagem são feitos manualmente. Segundo Guilherme, os produtos são feitos sob demanda. Por mês, são produzidos em torno de 5 mil itens. 

— Hoje, somos 20 pessoas, todas de Montenegro, trabalhando na Dobra. Todos ganham exatamente o mesmo salário e têm a mesma participação nos lucros — conta Guilherme.

Dos 20 integrantes, sete ficam envolvidos na produção e no controle de qualidade. Os demais se dividem entre estampas, gestão, tecnologia da informação, atendimento, financeiro e marketing. Além da equipe da Dobra, a produção é feita por uma rede de pessoas da cidade. As camisetas e os tênis são feitos por duas empresas da região. 

— Toda a produção se inicia e termina aqui. Mas, hoje, não produzimos todas as etapas internamente. A gente imprime, corta e faz acabamentos. Por exemplo, a montagem das carteiras é feita por pessoas que se cadastram na nossa rede e podem produzir de casa, abrindo um Microempreendedor Individual (MEI). As camisetas são feitas por uma empresa aqui da cidade, da qual somos o primeiro cliente, e os tênis são feitos por um ateliê em Campo Bom — comenta Guilherme, que completa: 

— Até o início desse ano, todas as carteiras eram produzidas internamente, mas tínhamos um gargalo grande de produção. Então, vimos uma maneira de gerar renda extra pra muita gente e escalar nossa produção. 

A empresa atua com e-commerce e venda direta para o cliente final. Já são 150 mil pessoas cadastradas na base, seja por terem comprado ou se cadastrado para receber as novidades. Há dois meses, começaram a trabalhar com revenda — vendendo para lojistas com loja física. Para isso, o lojista pode se cadastrar no site para que o perfil da loja seja avaliado e, se estiver aprovada, é iniciada a negociação. Atualmente, a Dobra atende cerca de oito lojas pelo Brasil.

— Tem que ser uma loja que tenha conceitos mais modernos de negócio e que a gente acredite que, de alguma forma, converse com nosso público, uma galera mais empreendedora, engajada com causa sociais, sustentável, cool — explica.

Guilherme conta que, atualmente, o faturamento mensal da Dobra varia entre R$ 250 mil e R$ 300 mil. Em 2018, a empresa faturou cerca de R$ 2,5 milhões. 

— A gente teve lucro já no primeiro mês. Nosso custo inicial foi muito baixo, a gente nunca usou investimento de terceiros, tudo foi feito com investimento próprio baseado no nosso fluxo de caixa.

Sobre o futuro, Guilherme afirma que deseja tornar a Dobra uma referência em experiência de consumo e em impacto positivo. A ideia é abrir a primeira loja física no primeiro trimestre de 2020, além de ampliar a gama de produtos e começar um trabalho de exportação. 

— O nosso propósito é deixar o mundo um lugar mais aberto, irreverente e do bem.

FONTE: GAUCHA ZH