Suape: quatro décadas de impulso à economia

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Reconhecido como o mais importante porto-indústria do Nordeste, Suape é considerado um porto estratégico para a atração de investimentos porque está a no máximo 800 quilômetros de distância de seis capitais, de cinco aeroportos e de dez portos internacionais

O Plano Diretor de Suape dividiu o complexo em quatro áreas (portuária, industrial, de serviços, de preservação ecológica e de preservação cultural), com espaços estrategicamente definidos para cada tipo de operação. Na Zona Industrial, se instalam empresas de acordo com seu perfil de negócio (alimentos e bebidas, energia, naval, petroquímica, plásticos). “Isso é feito para criar sinergias e evitar que uma indústria de alimentos, por exemplo, fique do lado de um estaleiro”, explica Vilar.

Na Zona Portuária, ficam as companhias de logística, o parque de tancagem e o polo naval. “A área de preservação ecológica responde por 59% do território total de Suape. Isso foi um compromisso do Plano Diretor para garantir sustentabilidade ao porto”, complementa. Na Zona de Preservação Cultural, estão equipamentos como o Engenho Massangana e o Parque Armando Holanda. Um dos projetos do gestor do porto é fazer parcerias com outras secretarias e órgãos do Estado para ajudar a administrar esses espaços.

A Zona Central de Serviços abriga o prédio onde funciona a administração de Suape e também terá equipamentos como shopping, hotel, restaurantes e salas empresariais. “A expectativa era de que esses empreendimentos já estivessem funcionando para garantir uma infraestrutura de serviços aos empresários interessados em resolver seus negócios e ficar dentro do porto, ao invés de ter que voltar para o Recife. Mas a crise freou esse processo e a empresa responsável pela construção (Queiroz Galvão) pediu extensão do prazo”, justifica Vilar.

Reconhecido como o mais importante porto-indústria do Nordeste, Suape é considerado um porto estratégico para a atração de investimentos porque está a no máximo 800 quilômetros de distância de seis capitais, de cinco aeroportos e de dez portos internacionais. Além disso, está localizado numa região que concentra 46 milhões de habitantes e 90% do PIB do Nordeste. No rol de vantagens competitivas também estão a profundidade dos portos interno e externo, que varia de 12 a 20 metros, as certificações internacionais e o prédio de autoridade portuária, que concentra órgãos necessários ao processo de desembaraço de cargas.

Combustíveis lideram movimentação de cargas no porto-indústria

A Petrobras inaugurou a movimentação de cargas do Porto de Suape em 1983, com o desembarque de um carregamento de álcool. De lá para cá, o complexo foi se consolidando como um polo de movimentação de combustíveis e hoje ocupa a liderança nacional na atividade entre os portos públicos. Das 23,8 milhões de toneladas movimentadas no ano passado, 74% foram desse tipo de carga. O crescimento acelerado do setor e a liberação para a importação de combustíveis, a partir de 2015, provocou um déficit no parque de armazenagem dos portos brasileiros e exigiu investimentos na expansão dos pátios de tancagem. A greve dos caminhoneiros, em maio deste ano, fez entender que Suape é um “porto movido a combustíveis e gás de cozinha”. É do complexo que saem os produtos para abastecer todo o mercado nordestino.

Instalada em Suape desde 2000, a Pandenor acabou de concluir um investimento de R$ 80 milhões para ampliar de 24 para 32 seu número de tanques de armazenamento, expandindo a capacidade de armazenamento de 24 mil m³ para 60 mil m³. “Quando o dólar estava em baixa e os preços do petróleo atrativos, as importações chegaram a representar 50% da nossa movimentação. Mas, com a valorização da moeda sobre o real, o cenário mudou e as importações caíram para algo entre 15% e 20%”, diz o superintendente da empresa, Paulo Perez Filho, acreditando que as importações podem voltar a crescer em breve. No vácuo da Pandenor, as demais companhias de tancagem do porto (Decal, Temape e Tequimar) também estão ampliando suas operações, totalizando investimento de R$ 540 milhões e com conclusões das expansões previstas para entre 2020 e 2022. Com o aumento, o parque de tancagem do complexo vai passar de uma capacidade de 700 mil para 1 milhão de metros cúbicos.

Além do avanço das importações, a entrada em operação da Refinaria Abreu e Lima (Rnest), em novembro de 2014, turbinou a movimentação de combustíveis em Suape, sobretudo de óleo diesel. Se em 2014 a movimentação total estava na casa das 15 milhões de toneladas, no ano seguinte já chegou perto das 20 milhões e continua em escala crescente. Isso porque a Rnest sequer completou seu projeto total de implantação, previsto para processar 230 mil barris de petróleo por mês, e hoje transforma apenas 100 mil barris por dia.

O complexo também tem sido decisivo para implantação de grandes empreendimentos do Estado, que não necessariamente ficam na área do porto, mas impactam o terminal. É o caso da instalação da montadora da FCA/Jeep, em Goiana (extremo norte do Grande Recife), que ocupa a liderança no ranking das empresas exportadoras de Pernambuco e incluiu Suape como um dos critérios para optar pelo Estado. Em 2017, o embarque de veículos chegou a 80.080 unidades, registrando crescimento de 46% sobre o ano anterior. De janeiro a setembro, o número é de 49.773 veículos.

As cargas conteinerizadas também estão entre as principais movimentações de Suape. Embora a crise e a alta do dólar tenham desaquecido temporariamente o setor, o Tecon Suape (controlado pela empresa filipina ICTSI) escolheu Suape para expandir sua atuação para o Brasil desde 2001. “O Tecon é um dos principais ativos desse porto, que tem 40 anos de história e uma trajetória de crescimento que acompanha o desempenho do Brasil. Suape é um porto estratégico e vai continuar a crescer”, acredita o presidente do Tecon, Javier Ramirez.

Fonte: JC