Plataforma em Rio Grande teria gerado mais de US$ 5,23 milhões em propina

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Plataforma P-53 atracada no Porto de Rio Grande, localizado no Rio Grande do Sul. *** Local Caption *** A plataforma P-53 encontra-se em fase final de construção e entrará em produção em novembro de 2008. A unidade que terá capacidade de produção de 180 mil barris por dia de petróleo e seis milhões de metros cúbicos de gás natural, ficará instalada no campo de Marlim Leste, Bacia de Campos, no Rio de Janeiro.
Plataforma P-53 atracada no Porto de Rio Grande Delator Pedro Barusco contou à Lava-Jato que contrato para construção da P-53 foi acertado mediante suborno de 1% a dirigentes da Petrobras e lobistas

por Humberto Trezzi / Zero Hora

Reportagem assinada por Humberto Trezzi do jornal Zero Hora revela um valor impressionante: um dos cinco delatores que embasaram a 33ª fase da Operação Lava-Jato é o ex-gerente de engenharia da Petrobras Pedro Barusco. No seu acordo de colaboração premiada, ele afirmou que a plataforma P-53, construída em Rio Grande (RS), gerou US$ 5,23 milhões de propina para dirigentes da Petrobras e lobistas. Parte do dinheiro seria canalizado para campanhas políticas, afirmou.

O documento ressalta que,”pra todos os contratos, Pedro José Barusco Filho indica, na tabela, o executivo Ildefonso Colares Filho da Queiroz Galvão como responsável pelos acertos da propina” (Ildefonso é um dos presos pela PF hoje).

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Barusco diz que a liberação de propinas era dividida em pequenas porcentagens e distribuída entre agentes e empresa envolvidas na operação. Ele listou algumas obras que são alvo da investigação Resta Um, deflagrada hoje pela PF e MPF. A ordem de prisão emitida pelo juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba, ao qual Zero Hora teve acesso, diz que “o colaborador Pedro Barusco declarou que a Queiroz Galvão teria pago propina em diversos contratos com a Petrobrás”. O suborno era direcionado à Diretoria de Abastecimento e à Diretoria de Serviços e Engenharia, nos seguintes contratos:

— Com a IESA, na contratação da Carteira de Gasolina da Reduc.

— Com a IESA nas interligações da Refinaria do Nordeste Abreu eLima.

— Com a GDK no offsite de gasolina da Refinaria Landulpho Alves.

Em outros contratos, o pagamento de propina pela Queiroz Galvão foi apenas à Diretoria de Serviços e Engenharia da Petrobras:

— Com a Andrade Gutierrez, Queiroz Galvão e Mendes Júnior naconstrução do novo CIPD da Petrobrás.

— Na contratação da Plangás REDUC.

— Com a IESA na UTGCA de Caraguatatuba.

— Com a UTC e a IESA, no Consórcio QUIP, para construção da plataforma P53.

No caso da plataforma P-53, construída em Rio Grande e orçada em US$ 523 milhões, a propina cobrada pelo contrato teria sido de 1%, o que resultou em US$ 5,23 milhões para os intermediários (entre eles, o próprio Barusco).

Conforme o MPF, a Petrobras constituiu a sociedade de propósito específico denominada de Charter Development Company CDC para a construção da plataforma P53. A Charter, por sua vez, contratou a QUIP pelo valor de U$ 523.727.010,00, sendo o valor depois elevado para U$ 928.782.410,20 por meio de aditivos.

“Este contrato foi relacionado por Pedro José Barusco Filho entre aqueles que teria gerado pagamentos de propinas no montante de 1% sobre o contrato”, ressalta trecho da ordem de prisão.

A exemplo dos cascos, esta parte do dinheiro foi repartida pela metade. As empreiteiras Queiroz, UTC, IESA e QUIP eram responsáveis pela obra. Quando ouvida, na época da delação de Barusco, a empreiteira Queiroz Galvão informou que não comentaria investigações em andamento e reiterou que todas as atividades e contratos seguiram rigorosamente a legislação vigente. A empresa também se colocou à disposição das autoridades para prestar os esclarecimentos necessários.