Venda da Transpetro poderá encerrar programa de contratação de navios aos estaleiros

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Na avaliação de especialistas é pouco provável que um novo dono mantenha um programa com mais propósito político do que viés produtivo.

A possível venda da Transpetro, dentro do plano de desinvestimento da Petrobras, poderá colocar um ponto final na história da retomada da indústria naval no Brasil. Subsidiária de logística da petrolífera, a Transpetro é responsável pelo Programa de Modernização e Expansão da Frota (Promef), que encomendou 49 navios a estaleiros brasileiros para evitar a dependência de afretamento de navios nos transporte de petróleo e combustíveis. Na avaliação de especialistas é pouco provável que um novo dono mantenha um programa com mais propósito político do que viés produtivo.

Na última sexta-feira, o diretor financeiro da Petrobras, Ivan Monteiro, anunciou a possível venda da Transpetro. O assunto não foi discutido no Conselho de Administração da estatal mas, no mercado, circula a informação de que a companhia tem interesse em vender 23 navios da sua frota atual de 53 embarcações. O anúncio anda na contramão do que foi anunciado em 2004 pela Transpetro na apresentação do Promef, que pretendia aumentar a frota nacional com a produção de navios com bandeira brasileira.

“É um contra-senso anunciar um programa e depois “desanunciar”, mas a Petrobras não tem saída. A empresa vive um momento difícil, com alto endividamento em dólar. A empresa tinha dívida com um dólar cotado entre R$ 1,60 e R$ 2,60 e agora a moeda está em R$ 4,11 (fechamento de ontem). A empresa precisa reajustar o fluxo de caixa, engavetar investimentos e melhorar a gestão. É praticamente impossível a petrolífera manter um programa (Promef) que induza a empresa a fazer mais investimentos de curto prazo”, destaca o economista do Conselho Federal de Economia (Cofecon) e pós-doutorando em economia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Luciano D’Agostini.