Sonho de salvar o Mar Morto com água do Mar vermelho está ‘mais perto do que nunca’

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                            Nível do Mar Morto tem caído um metro por ano – Ali Jarekji/Reuters

Coisas que só a engenharia é capaz. Transportar a água do Mar Vermelho através de um aqueduto até o Mar Morto para evitar que ele faça jus a este nome, seque e morra de verdade. O projeto, chamado Canal da Paz, é liderado pela Jordânia e Israel, mas pode ter também a participação da Liderroll, empresa brasileira detentora da tecnologia de lançamento de tubos em túneis.  O consórcio que vai construir o aqueduto já  estuda a utilização da tecnologia brasileira nos túneis que cortarão uma grande cordilheira para se chegar ao Mar Morto.

O túnel terá 25,5 km.  É um projeto audacioso que usará seis dutos de 114 polegadas. Devido a pressão da água num tubo dessa dimensão, ainda se estuda se será um túnel para cada tubo ou seis dutos dentro de um túnel maior. As equipes da Liderroll já desenvolvem na região outras  conversações para construção de gasodutos na Ásia em outros projetos gigantescos, como o que  levará gás do ligando o Turcomenistão até a China.

O projeto do aqueduto, que também  prevê  produzir água potável, foi idealizado e concebido por engenheiros   Jordanianos, Israelenses  e palestinos. E está muito mais perto de sua realização. Para lembrar, o  Mar Morto não é propriamente um mar e sim um grande lago com dimensões de 82 quilômetros de comprimento e 18 quilômetros de largura.

Ela fica situado no Oriente Médio e banha a Jordânia, Israel e a Cisjordânia, a 392 metros abaixo do nível do Mar Mediterrâneo, considerado o ponto mais baixo do planeta Terra. Suas águas são extremamente salgadas por dois fatores. Primeiro porque as águas que abastecem o Mar Morto vem do Rio Jordão, rico em sais minerais. A região onde está situado é praticamente desértica, com clima subtropical e semiárido, com verões de altas temperaturas e muito seco.

O calor aumenta a taxa de evaporação nas superfícies aquáticas. Conclusão: a água rica em sais minerais se evapora e seu teor de sal se concentra. Estima-se que tenha  300 gramas de sal para cada litro de água, sendo que a quantidade considerada normal e que se faz presente nos oceanos é de 35 gramas para cada litro de água. Nessas condições, não há vida. A salinidade característica favorece a formação de cristais na superfície. Esse aspecto juntamente com o fato de corpos flutuarem com maior facilidade em um meio salino mais denso, fazem do Mar Morto um ponto turístico visitado  por milhares de pessoas.

Quando o projeto for adiante, isso tudo poderá acabar. Ele prevê a extração de 300 milhões de metros cúbicos de água que serão dessalinizados em Aqaba, 222222222no sul da Jordânia, para obter água potável, escassa na região. Os resíduos originados pela dessalinização serão transferidos para o Mar Morto, 200 km mais ao norte, através de um aqueduto. Isso não será suficiente para estabilizar os níveis do Mar Morto, mas será um começo para parar o seu desaparecimento, segundo especialistas. Este plano foi concluído em fevereiro de 2015 com um acordo israelense-jordaniano que prevê vendas de água recíprocas. A Jordânia forneceria água potável para o sul de Israel, enquanto o norte da Jordânia receberia água do lago Tiberíades em troca.

O Mar Morto perdeu um terço de sua área desde a década de 1960, com risco real de desaparecer completamente. O seu nível continua a cair um metro por ano. Os responsáveis são a exploração intensiva do potássio, que acelera a sua evaporação, mas sobretudo a diminuição do fluxo do rio Jordão, cada vez mais explorado por Jordânia e Israel. Desde 1950, o fluxo do Jordão caiu de 1,2 bilhão de metros cúbicos para menos de 200 milhões. Um desastre não só para o Mar Morto, mas também para seus ribeirinhos jordanianos, israelenses e palestinos.

fefA questão do financiamento desta parceria público-privada, estimada em 1 bilhão de dólares, dos quais 400 milhões de fundos públicos, permanece pendente. Vários países, incluindo os Estados Unidos e o Japão, prometeram uma doação de 120 milhões. A AFD criou um grupo europeu de doadores (Espanha, França, Itália, União Europeia e Banco Europeu de Investimento) disposto a conceder à Jordânia 140 milhões em créditos a juros baixos. A Jordânia está determinada a avançar na construção, com ou sem Israel. Ele é um dos cinco países mais áridos do mundo e está sob forte pressão para obter e aumentar suas necessidades de água, já que desde 2011 acolhe quase um milhão de refugiados sírios, 15% de sua população.