Ricardo Falcão, presidente do CONAPRA

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Edição 94 da Revista Conexão Marítima que circula nesta semana publica uma entrevista com o presidente do Conselho Nacional da Praticagem (Conapra), Ricardo Falcão. Entre vários temas Falcão  diz que há um movimento para desqualificar os serviços da praticagem no Brasil e vai além: denuncia que os armadores querem ganhar vantagens nas operações dos navios estrangeiros.Abaixo alguns trechos da entrevista:

O governo federal criou recentemente a Comissão Nacional para Assuntos de Praticagem. O documento cria um teto máximo para o serviço dos práticos, profissionais que dirigem a atracação e desatracação dos navios. Qual a opinião do CONAPRA a respeito?

Acreditamos que esteja faltando planejamento. Soa contraditório o anúncio da criação da Comissão Nacional para Assuntos de Praticagem – que ainda nem chegou a se reunir – ocorrer após a adoção de medidas concretas, relativas a variáveis sensíveis, como o aumento substancial do número de práticos.  A propósito, medidas relacionadas tanto ao número de práticos como ao preço cobrado pelos seus serviços não deveriam ser tomadas de atropelo, sem estudo prévio.

A quantidade atual, de 450 profissionais, já é uma média bastante razoável se considerarmos, por exemplo, que os EUA, com cerca de 10 vezes o movimento portuário do Brasil, têm em torno de três vezes o total brasileiro de práticos. Pode-se até discutir se o aumento do quantitativo estabelecido pela Autoridade Marítima é adequado ou não, mas supor que esse aumento fará reduzir os custos dos serviços de Praticagem é desconsiderar a dinâmica desses serviços.

Em relação à criação de concurso para a contratação de novos práticos, outro anúncio feito pelo governo, resolveria a falta de práticos em algumas regiões, fato que vem sendo denunciado pelos armadores na região da Amazônia?

É curioso como os armadores gostam de atribuir aos práticos problemas logísticos que, de forma alguma, são responsabilidade nossa. Sobre a suposta falta de práticos na Amazônia, é preciso, antes de mais nada, destacar que desde a década de 1990 a Autoridade Marítima Brasileira vem promovendo, sistematicamente, processos seletivos para atender a necessidade de manter a lotação necessária de práticos na ZP-01 (Amazônia).