Revisão permitirá uso sustentável de florestas

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Até o momento já foram colhidas amostras de 10 mil pontos de um total de 22 mil pontos previstos para integrar o documento. Os registros dos biomas Pampa e Mata Atlântica, presentes no Rio Grande do Sul, já estão com 100% concluídos

Reportagem publicada domingo (27) no jornal Correio do Povo (www.correio do povo,com.br), aborda um tema de alta relevância. Desatualizado desde os anos 80, o Inventário Florestal Nacional está sendo refeito há cinco anos e já analisou 10 mil pontos de matas do Brasil, de um total de 22 mil que serão visitados nos biomas do país. O inventário é um instrumento que visa a garantir o mínimo de impacto ambiental na exploração desta riqueza. Pelas dimensões continentais do país, o trabalho é detalhado e demorado. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) iniciou a tarefa de atualização do inventário em 2017, não havendo ainda uma data marcada para a finalização.

A reportagem, assinada pela jornalista Maria Amélia Vargas, destaca o manejo sustentável dos biomas nacionais propicia incentivos em diversas perspectivas: da conservação da biodiversidade ao desenvolvimento econômico. Conforme explica o biólogo e diretor de Desenvolvimento Florestal do Serviço Florestal Brasileiro, Humberto Navarro de Mesquita Júnior, até o momento já foram colhidas amostras de 10 mil pontos de um total de 22 mil pontos previstos para integrar o documento. Os registros dos biomas Pampa e Mata Atlântica, presentes no Rio Grande do Sul, já estão com 100% concluídos. Isso permite que se possa começar a traçar estratégias mais assertivas para esta região

De posse destes dados, o biólogo  aponta algumas conclusões pontuais, entre elas, a de que ainda há possibilidade de expansão de mercado para os produtos florestais nativos na zona rural do Rio Grande do Sul, especialmente os não madeireiros, como frutos, folhas e mel. Este entendimento baseia-se no fato de que o total dos entrevistados no Estado na pesquisa, 89% afirmaram utilizarem-se destas espécies para fins domésticos e apenas 22% declararam fazer uso comercial destas (37% para complemento de renda). A maioria classifica como “sem importância” ou “pouco importante” a utilização comercial dos recursos naturais.

O perfil do Rio Grande do Sul no Inquérito Florestal

  • A cobertura florestal do Rio Grande do Sul é de aproximadamente 4 milhões de hectares, o que equivale a 15% do território do Estado.

  • A cobertura florestal do Rio Grande do Sul é de aproximadamente 4 milhões de hectares, o que equivale a 15% do território do Estado.

  • Os municípios gaúchos de Itati e Três Forquilhas destacaram-se pelas maiores proporções de seus territórios cobertos por florestas (68% e 62%, respectivamente).

  • A maior parte das evidências de antropismo (influência humana na paisagem) observadas refere-se à presença ou vestígio de animais domésticos de grande porte (89%).

  • A maior parte das evidências de antropismo (influência humana na paisagem) observadas refere-se à presença ou vestígio de animais domésticos de grande porte (89%).

  • No Rio Grande do Sul existem aproximadamente 780,9 mil hectares cultivados com florestas plantadas, o que corresponde a 2,7% do território gaúcho, sendo que 84% dos entrevistados manifestaram interesse pelo plantio de espécies variadas.

  • Apenas 10% dos entrevistados afirmaram ter conhecimento sobre os programas de crédito florestal, sendo o Pronaf Florestal a linha de crédito mais conhecida (18%). Contudo, apenas 1% dos entrevistados utilizam o crédito florestal.

  • Para 66% dos entrevistados, os efeitos das mudanças climáticas têm afetado suas vidas no campo e somente 8% relataram tomar atitudes como “plantar árvores” e “não desmatar” para evitar estes impactos. Além disso, 22% implementaram novos processos no manejo agropecuário, relatando a irrigação, a economia e o armazenamento de água como importantes estratégias de adaptação às mudanças do clima.

                                                       Arquivo Pessoal / Eduardo Peixoto

Trabalho reconhecido

Melhorar os campos nativos é um grande desafio para os produtores rurais. No Rio Grande do Sul, a estância Santa Maria & Isabella, localizada em Rio Grande, próxima reserva ecológica do Taim,adotou práticas sustentáveis com a implementação do projeto Melhoramentos de Campos Nativos, utilizando o diferimento como ferramenta importante o que garante a maior oferta de forragem para o gado.

Para Eduardo Peixoto, proprietário da estância, o diferimento consiste em protelar o pastoreio até que haja terminado a maturação das sementes das espécies desejáveis. ” O manejo adotado envolve técnicas importantes para o campo trazendo equilíbrio no processo produtivo. Adubar, diferir, roçar, utilizar racionalmente os recursos hídricos como respectivo armazenamento de água sobre o solo, são técnicas de manejo com excelente resultado que são aplicadas na estância”, conclui Peixoto.

Em dezembro de 2021 o Conselho Nacional da Reserva da Biosfera concedeu a Estância Santa Maria & Isabella o título de Posto Avançado da Reserva da Biosfera, um programa internacional da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO). Postos avançados são centros de divulgação das ideias, conceitos, programas e projetos desenvolvidos no âmbito das reservas da biosfera. É necessário que a instituição desenvolva duas das três funções básicas da reserva nos campos da proteção da biodiversidade, do desenvolvimento sustentável e do conhecimento científico e tradicional.

Das 679 reservas da biosfera, existentes no mundo, o Brasil atualmente possui sete reservas. A reserva da Biosfera da Mata Atlântica é a maior do planeta com 89.687.000 hectares nos 17 estados brasileiros de ocorrência natural do Bioma Mata Atlântica