Própor discute obstáculos ao pleno uso das hidrovias gaúchas

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A malha hidroviária gaúcha possui cerca de 930 mil quilômetros de trechos navegáveis, dos quais cerca de 800 quilômetros são utilizados para o transporte de apenas 4% da produção gaúcha / VCV ESTEIO

A malha hidroviária gaúcha possui cerca de 930 mil quilômetros de trechos navegáveis, dos quais cerca de 800 quilômetros são utilizados para o transporte de apenas 4% da produção gaúcha.

Na manhã desta quarta (6), a Frente Parlamentar de Portos, Hidrovias e Polo Naval (Própor), presidida pelo deputado Adilson Troca, dedicou-se a debater por que isso ainda não aconteceu e que medidas podem ser tomadas para mudar esta realidade.

“Nosso desafio é integrar as ações políticas, as necessidades estratégicas e o setor empresarial para agir em conjunto. Há gargalos complexos, mas também existem coisas mais simples que podem ser resolvidas para fomentar o setor”, avalia o deputado Adilson Troca. Ele explica que o trabalho da Própor irá resultar em um documento aprofundado que aponte caminhos para o desenvolvimento.

O capitão Geraldo Almeida, da Praticagem da Lagoa dos Patos, evidenciou que as pontes gaúchas, hoje, se constituem em obstáculos ao aproveitamento pleno das hidrovias, defendendo a construção de túneis. Ele ressaltou a necessidade do apoio ao Porto da Capital Gaúcha. “Parece que esqueceram que o nome de Porto Alegre vem do nosso Porto, que teve redução do cais de 8km para 2,5 sem novos projetos”.

Ele apresentou modelos de embarcações que poderiam realizar o transporte de passageiros entre Porto Alegre e Rio Grande em 5 horas, e outro capaz de carregar até mesmo caminhões que, hoje, voltam vazios do Porto do Rio Grande. O capitão Almeida lembrou ainda as péssimas condições do navio que faz o balizamento das hidrovias e da draga, consideradas peças de museu, que passam mais tempo estragadas do que operando. “O resultado disso tudo é a perda de cargas para Santa Catarina”, resume.

Investimento

Uma pequena fração do valor investido, anualmente, na recuperação de rodovias faria uma grande diferença nas hidrovias gaúchas. A opinião é do dr. Eloi Spohr, superintendente do Dnit/AHSUL. Ele apresentou a situação das hidrovias gaúchas, as barragens existentes e as oportunidades da parceria do Brasil com o Uruguai para setor.

Nos próximos 30 anos, a tendência é de que o modal se fortaleça em função de sua viabilidade econômica, acredita Spohr. Para isso, ele defende a mudança nas leis vigentes, que acabam por privilegiar o setor rodoviário.

 Regramento

Mudanças importantes nas normas que regem as hidrovias no Brasil (NBR), adaptando os requisitos técnicos à legislação internacional, foram apresentadas pelo professor doutor Edson Mesquita. A nova legislação é mais moderna e completa.

Fatores como velocidade dos navios, temperatura e salinidade das águas, ventos, correntes e tipo de fundo de solo, influenciam na necessidade de calado nas vias, e a nova NBR contempla todos estes aspectos. O especialista entende que as hidrovias do Estado devem ser beneficiadas, pois as regras antigas eram mais conservadoras, em relação ao calado necessário para a navegação.Participaram da reunião da Própor diversas autoridades acadêmicas, políticas e técnicas do setor, com representação da Prefeitura do Rio Grande, Furg, SPH, entre outros.