Prêmio CNT de Jornalismo registra história do setor de transporte

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Edimilson Ávila e Ricardo Azeredo venceram categoria principal, em 2002

Por Aerton Guimarães / Agência CNT de Notícias

Há 19 anos, uma denúncia feita pelo repórter Ascânio Seleme, do jornal O Globo, causou alvoroço no cenário político nacional. Reportagens mostraram que o marido da então ministra dos Transportes favorecia empresas e pessoas, o que acabou ocasionando a demissão da gestora na época.
A gravidade das acusações, a boa apuração do repórter e as consequências dos fatos para o setor de transporte fizeram de Ascânio o grande vencedor da primeira edição do Prêmio CNT de Jornalismo, em 1994. “Na época ninguém conhecia a premiação e pediram para eu inscrever minha matéria, o que fiz no último dia. Foi o primeiro prêmio que recebi em minha carreira”, conta o jornalista, que iniciou a profissão em 1982 e hoje é diretor de redação do jornal O Globo, em que trabalha desde 1988. Depois disso, ele já recebeu três prêmios Esso e também foi jurado da 16ª edição do Prêmio CNT de Jornalismo.

Integrante da primeira comissão julgadora, o jornalista Alexandre Garcia diz que avaliar as matérias exigiu um trabalho árduo. “Examinamos excelentes matérias naquele ano, houve um número considerável de inscrições. E é um prêmio cada vez mais prestigiado, até porque a área de transporte é muito sensível, muito necessitada de melhorias. Desde a primeira edição até hoje, é interessante dizer que o corpo de jurados sempre foi totalmente isento, não tem nenhum compromisso com o patrocinador do prêmio”, ressalta.
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Dezenas de histórias e imagens – a foto ao lado, ‘Pé no freio na ponte Rio-Niterói’, de Marcos Tristão, foi a vencedora da categoria fotografia em 2011 – marcaram as últimas 18 edições. Nesse período, mais de três mil trabalhos concorreram aos R$ 980 mil distribuídos aos vencedores em diferentes categorias. Denúncias de corrupção, fraudes, infraestrutura inadequada e, também, belos exemplos de boas práticas no setor de transporte. “O Prêmio reconhece o papel da imprensa revelando de forma inteligente e responsável a importância da atividade transportadora para o país”, afirma o presidente da CNT, senador Clésio Andrade

Desde que foi criado, o Prêmio CNT de Jornalismo tem como principal objetivo contribuir para o melhor entendimento, pela sociedade e poder público, da importância da atividade do transporte na vida econômica, política, social e cultural do país, assim como apontar problemas e soluções para a área. Com isso, estimula, divulga e prestigia a produção de reportagens sobre o tema.

Em sua primeira edição, foram apenas três categorias: Grande Prêmio, Mídia Impressa e Televisão. Nos dois anos seguintes, surgiram as categorias de Fotografia e Rádio. Em 2004, com o crescimento do jornalismo web no Brasil, a internet ganhou destaque e, em 2007, junto com a criação do Despoluir – o Programa Ambiental do Transporte da CNT –, foi criada a categoria Meio Ambiente.
Grandes campeões


A cada ano, os trabalhos inscritos na premiação se superam. Além de temas criativos e relevantes, os jornalistas vêm apresentando materiais que impressionam os jurados pela determinação e qualidade técnica.

Até hoje, nove profissionais venceram o prêmio mais de uma vez.  Destaque para os jornalistas Alencar Izidoro (Folha de S. Paulo), Cid Martins (Rádio Gaúcha) e Giovani Grizzoti (TV RBS), que ganharam quatro vezes cada um.

Em todas as ocasiões que venceu, Grizotti inscreveu reportagens de cunho investigativo, com denúncias de casos de corrupção e abusos por parte de autoridades nas estradas. “As reportagens acabam auxiliando na resolução dos problemas. Depois de algumas matérias que até foram premiadas, uma de corrupção na Polícia Rodoviária Federal e uma situação de bandidos que aplicavam golpes de seguro, todas as pessoas foram presas. Acredito que reportagens como essas estimulam os outros, que são pessoas honestas, a não caírem em tentação”, pondera o profissional, que venceu na categoria rádio em 1998, 1999, 2001 e 2004, todas como repórter da Rádio Gaúcha.

O jornalista Alencar Izidoro também foi reconhecido com reportagens investigativas. Elas denunciavam máfias dos transportes e más condições de rodovias. “Ser premiado é um grande reconhecimento, especialmente porque a premiação tem se mostrado bastante independente, ao valorizar inclusive reportagens que abordam de maneira bastante crítica a atuação dos empresários do transporte”, afirma ele, que hoje é chefe de reportagem do caderno Poder da Folha de S. Paulo e foi vencedor na categoria impresso nos anos de 2003, 2005 (em parceria com Fábio Schivarthe), 2010 e 2011.

domingos_03072012.jpgOutros profissionais que conquistaram mais de uma vez foram Edimilson Ávila (grande prêmio em 2002, e televisão em 2003 e 2004); Domingos Peixoto (foto) (fotografia em 1999 e 2009); Ronaldo de Oliveira (fotografia em 1996 e 1997); Carlos Eduardo Salgueiro (televisão em 1997 e grande prêmio em 1998); Jonas Ribeiro (televisão em 1998 e 1999); e Elaine Gaglione (impresso em 2000 e 2006). 

Entre os assuntos que já concorreram ao prêmio, estão análises sobre os problemas e as soluções para o setor, desenvolvimento da infraestrutura de transporte, denúncias de corrupção, condições e necessidades de investimentos nas malhas rodoviária e ferroviária, roubos de veículos e cargas, acidentes de trânsito, transporte ilegal e leis de trânsito.

“Com certeza é considerado um dos principais prêmios jornalísticos do país, e isso é muito raro, pois é de um segmento específico, o de transporte. Ele é um dos mais disputados. Ganhar um Prêmio CNT é tão difícil quanto conquistar um prêmio Esso, o que acaba virando currículo para o jornalista que o conquista”, ressalta Giovani Grizotti.

Seleção criteriosa


Até chegar aos vencedores, a seleção é distribuída em três etapas: a primeira é feita pela comissão organizadora, que avalia se a inscrição cumpre as exigências do regulamento. Logo em seguida, a comissão de pré-seleção, formada por cinco jornalistas, todos professores de cursos de comunicação, analisam  os trabalhos inscritos para certificação, comprovação de autoria e, principalmente, de qualidade técnica. 

Com isso, são selecionados os finalistas de cada categoria. Na última etapa, uma comissão formada por cinco membros, sendo três jornalistas profissionais no exercício de suas funções, um professor de curso superior de comunicação de instituição reconhecida oficialmente e um especialista na área de transporte avaliam os trabalhos conforme critérios que valorizem a atividade jornalística, tais como esforço incomum, coragem, determinação, isenção, perseverança e senso de oportunidade, assim como estética na apresentação.

Para cada quesito são distribuídas notas que são somadas por um sistema específico de votação do prêmio e divulgadas pela comissão organizadora.“É um prêmio muito respeitado, as comissões julgadoras são sempre de altíssimo nível. Algumas premiações já desapareceram por falta de credibilidade, o que não é o caso, definitivamente, do Prêmio CNT”, garante o jornalista Ascânio Seleme.

Conheça as categorias

Impresso
Nesta categoria são aceitas as inscrições de trabalhos produzidos originalmente para jornais e revistas. 

Fotografia
Para fotografia são aceitos trabalhos em preto e branco ou colorido. 

Rádio
Reportagens ou séries veiculadas em rádios são aceitas, e apenas aquelas veiculadas em emissoras de rádio legalizadas.

Televisão
Reportagens ou séries feitas para televisão.

Internet
Para concorrer ao Prêmio CNT de Jornalismo nesta categoria, somente podem ser inscritos trabalhos produzidos originalmente para a internet, em sites ou portais de notícias. 

Meio Ambiente e


Nesta categoria, o profissional precisa relacionar o setor de transporte ao tema Meio Ambiente. A inscrição para o Prêmio Especial deve ser feita obedecendo aos mesmos procedimentos da categoria condizente à veiculação, seja impresso (jornal e revista), fotografia, rádio, televisão ou internet.

Grande Prêmio


Esta categoria existe para valorizar trabalhos de grande qualidade e que merecem o reconhecimento por serem considerados excelentes.

19º Prêmio CNT de Jornalismo


19ª edição do Prêmio CNT de Jornalismo​ já está com as inscrições abertas. Os vencedores de cada uma das cinco categorias (Televisão, Rádio, Internet, Impresso, Fotografia) e o Prêmio Especial de Meio Ambiente levam R$ 10 mil cada. Quem conquistar o grande prêmio recebe R$ 30 mil.

Visite o site da edição 2012. Nele é possível acessar o regulamento e fazer sua inscrição, além de contar com reportagens e as informações sobre edições anteriores.