Praticagem de São Paulo impede grave acidente em São Sebastião

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                                                                Arquivo / Portos & Mercados

A máxima de que, na navegação, o silêncio é o som da segurança foi provada mais uma vez, graças à perícia de dois Práticos que atuam na Praticagem de São Paulo. No domingo (28/4), eles evitaram um grave acidente com dois petroleiros da classe Suezmax carregados de óleo, que ficaram à deriva em direção à Ilhabela.

As embarcações “Rio 2016” e “Milton Santos” – com 12m e 15m de calado – estavam atracadas, uma a contrabordo da outra, em operação de transferência de óleo (Ship to Ship) no Terminal São Sebastião, quando os cabos de amarração se romperam devido à forte tempestade que atingiu a região naquele dia.

A esta altura, o centro de operações da Praticagem já havia entrado em contato com o terminal informando a chegada de ventos de até 60 nós (111km/h), para que fossem tomadas as medidas preventivas. Por volta das 17h, os Práticos Marcio Santos Teixeira e Fabio Rodrigues Alves de Abreu foram acionados e embarcaram na lancha da Praticagem. Quando conseguiram se aproximar, os navios já estavam à deriva no meio do canal.

O Prático Marcio Santos subiu a bordo do “Rio 2016”. O embarque do Prático Abreu no “Milton Santos” foi mais arriscado. Além de muitas ondas e ventos, a escada de portaló (parte do arranjo de embarque) foi destruída, só restando a escada de quebra-peito.

Ao chegar no seu passadiço primeiro, Marcio Santos verificou que os navios ainda estavam conectados. Naquele momento, dois rebocadores já estavam amarrados ao “Rio 2016” e um ao “Milton Santos”. Um quarto rebocador foi amarrado também ao “Rio 2016” e as embarcações foram, enfim, estabilizadas. A partir daí, foi discutido o próximo passo com os Comandantes.

– Sair do canal era inviável e não era possível fundear ali por causa do risco ambiental, já que existem dutos submarinos. Restou uma área de fundeio no norte do canal. Usamos só os recursos do “Rio 2016”, que foi rebocando o “Milton Santos” a contrabordo. Tivemos que seguir a, no máximo, um nó e meio de velocidade, mais expostos a ventos e correntes, porque os mangotes para transferência de óleo ainda estavam conectados. Como os ventos nos jogavam para Ilhabela, tínhamos que jogar uma proa para cima do São Sebastião. O navio, na verdade, navegava de lado. Mas mostrei ao Comandante, nas telas, que era o que tínhamos que fazer e fomos trabalhando em equipe, incluindo os Comandantes dos rebocadores – conta Santos.

No ponto de fundeio, ainda foi preciso girar os navios juntos antes de largar o ferro, para alinhá-los a vento e corrente. Dessa vez, foram utilizadas as máquinas de ambos para a manobra. A operação durou cinco horas e meia, com os Práticos retornando ao cais às 22h40min.

Além das péssimas condições ambientais, eles enfrentaram outros complicadores, como as boias de contenção de vazamento que ficaram presas no entorno dos navios, podendo prejudicar o uso das máquinas. Para agravar a situação, com 40 minutos de navegação, um tripulante do “Milton Santos” passou mal, em estado grave. Por causa das ondas e dos ventos, ele teve que ser transferido pela tripulação do convés para o “Rio 2016” e depois a um dos rebocadores daquele lado, seguindo a operação com apenas três. Apesar da agilidade no socorro, ele morreu antes de chegar ao hospital.

Fonte: Conapra