Pneus verdes rodam sem perder segurança e conforto

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A busca pela economia de combustível para atender às necessidades do meio ambiente sem alterar o desempenho e a segurança dos veículos é um assunto importantíssimo num cenário mundial no qual os veículos movidos a motor de combustão interna são responsáveis por aproximadamente um terço das emissões de dióxido de carbono (CO2), e o pneu verde é um passo importante como inovação para resolver este dilema. É uma solução que chegou para contribuir com a economia de combustível e consequentemente reduzir a emissão de poluentes, exigências da sociedade que se traduzem em legislações automotivas cada vez mais rígidas, inicialmente na Europa e Estados Unidos, que agora começam a se propagar no mundo todo, inclusive no Brasil.

 

Os pneus verdes oferecem menor resistência ao rolamento (RR), dissipam menos energia para transportar cargas, portanto contribuem para tornar os veículos mais eficientes. Algo em torno de 15% da energia contida no combustível é dissipada somente nos pneus, já que uma redução de 20% na resistência ao rolamento significa redução de consumo de até 3% na cidade e 5% na estrada. Para veículos comerciais, a economia é ainda muito maior, quase o dobro.

 

Mas, por que então os pneus verdes não foram utilizados antes? A resposta está na dificuldade e necessidade de equilibrar o consumo de combustível com a segurança e durabilidade dos pneus, que só foi possível nas últimas décadas com o desenvolvimento de novos processos e materiais, como o emprego da sílica nos compostos de borracha. Parte da energia dissipada nos pneus é necessária e bem-vinda, pois contribui para o seu coeficiente de atrito, na aderência entre o pneu e o pavimento, e desta forma influi na distância de frenagem e no controle do veículo durante manobras de emergência.

 

Os compostos de borracha mais macios, como aqueles empregados em competições, possuem aderência maior, porém gastam mais rápido. O segredo está no equilíbrio dos atributos de desempenho em função da aplicação do pneu e do veículo. É um trabalho de engenharia de alta tecnologia que envolve a parceria entre montadoras e fabricantes de pneus, no projeto da suspensão e no desenvolvimento de novas estruturas e materiais, que são influenciados ainda pelos diferentes tipos de pavimentos e condições operacionais encontrados localmente.

 

A manutenção dos veículos também é muito importante para consolidar os ganhos dos pneus verdes. Um pneu que roda com uma pressão abaixo do recomendado pelos fabricantes, ou numa suspensão desalinhada, joga fora todo o esforço de engenharia que foi direcionado para a economia de combustível.

 

No projeto dos pneus e veículos são utilizados modelos matemáticos complexos e programas computacionais sofisticados que rodam em supercomputadores e necessitam de especialistas que são cada vez mais requisitados pelas empresas, as quais investem incansavelmente na formação desses engenheiros. Hoje o ápice da tecnologia são os simuladores computacionais que conseguem reunir e representar todos os detalhes construtivos dos veículos e seus componentes, como os pneus. São equipamentos em que um piloto especializado pode fazer testes e manobras virtuais e até treinar para competições, reduzindo custos e riscos. É a tecnologia atualmente empregada na Fórmula 1. Nos simuladores é possível escolher o tipo de pista e simular as alterações que acontecem durante uma corrida, ente elas o desgaste dos pneus.

Argemiro Costa – Gerente de Pesquisa e Desenvolvimento da Pirelli na América Latina e chairman do 2º Simpósio SAE BRASIL de Dinâmica Veicular