Plano de ação definirá esforços do Brasil em pesquisa oceânica

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170605-oceano-2“A pesquisa oceânica tem potencial para servir de caminho de convergência para o mundo inteiro, já que a água cobre a maioria da superfície do planeta.”

Esta observação foi feita por Jailson de Andrade, secretário do Ministério de Ciência e Tecnologia, durante a abertura da 10ª Sessão Ordinária do Comitê de Ciências do Mar (CCM). O colegiado assumiu a missão de elaborar um plano de ação setorial da Estratégia Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (Encti). Daqui a um mês, o grupo deve submeter o documento à comunidade acadêmica.

“Sem ciência, tecnologia e inovação, não atingiremos em 2030 os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável [ODS]”, comentou Jailson, em referência à agenda estabelecida pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). “Nessa busca, os oceanos serão um grande ponto de cooperação e convergência, porque se estendem pelo mundo inteiro.”

Eixos

O plano de ação desdobra o tema estratégico Água, um dos 12 eixos da Encti, válida de 2016 a 2022, e faz companhia a Biomas e Bioeconomia, primeiro setor a iniciar a construção de um documento similar, em fevereiro. O conjunto de diretrizes incluirá ainda Aeroespacial e Defesa, Alimentos, Ciências e Tecnologias Sociais, Clima, Economia e Sociedade Digital, Energia, Minerais Estratégicos, Nuclear, Saúde e Tecnologias Convergentes e Habilitadoras.

A Encti (Estratégia Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação) aponta como objetivo “ampliar a capacidade nacional de pesquisa, desenvolvimento e inovação em assuntos estratégicos relacionados à água, abrangendo a ciência oceânica e antártica, de forma a contribuir no enfrentamento dos grandes desafios nacionais relacionados à segurança alimentar, energética e hídrica, à pesca e aquicultura, à mudança do clima e eventos extremos, ao uso sustentável dos recursos naturais e ao desenvolvimento de tecnologias inovadoras”.

O coordenador-geral de Oceanos, Antártica e Geociências do MCTIC, Andrei Polejack, destacou como pontos de atuação a elaboração do plano de ação, a promoção de pesquisa em biotecnologia e geologia marinha, a implementação do Instituto Nacional de Pesquisas Oceânicas e Hidroviárias (Inpoh) e a gestão compartilhada dos navios de pesquisa hidroceanográfica e polar do país – Almirante Maximiano, Cruzeiro do Sul e Vital de Oliveira.

Ciência como protagonista

Na visão de Polejack, o ODS 14, batizado como Vida na Água, representa o “mais científico” dos 17 objetivos da Unesco. “Ele explicitamente pede pesquisa. Conseguimos identificar a ciência como protagonista em quase todas as 10 metas, com exceção de uma que prega a implementação do direito internacional e outra que estimula a proibição de certos subsídios à pesca,” avaliou.

O ODS 14 propõe a conservação e o uso sustentável dos oceanos, dos mares e dos recursos marinhos para o desenvolvimento. As oito metas restantes sugerem: prevenir e reduzir significativamente a poluição marinha; gerir de forma sustentável e proteger os ecossistemas; minimizar e enfrentar os impactos da acidificação dos oceanos; acabar com a sobrepesca e regular a coleta ilegal; conservar pelo menos 10% das zonas costeiras e marinhas; aumentar os benefícios econômicos para pequenos Estados insulares em desenvolvimento; ampliar o conhecimento científico, desenvolver capacidades de pesquisa e transferir tecnologia marinha; e proporcionar o acesso dos pescadores artesanais de pequena escala aos recursos marinhos e mercados.

Polejack participará na próxima semana da Conferência sobre os Oceanos das Nações Unidas, em Nova York, que ocorrerá de 5 a 9 de junho. “Vamos estar lá para garantir que a ciência oceânica brasileira possa ter protagonismo no cumprimento das metas”, comentou.

Fonte: Inovação Tecnológica