Passageiros da Amazônia descartam 27 milhões de copos plásticos por ano

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Coleta seletiva nas embarcações foi tema de debate em encontro sobre navegação sustentável, no Pará
Coleta seletiva nas embarcações foi tema de debate em encontro sobre navegação sustentável, no Pará

O transporte de passageiros na região amazônica gera milhões de toneladas de lixo. Segundo os cálculos da Antaq (Agência Nacional de Transportes Aquaviários), são 9 milhões de passageiros por ano utilizando uma média de 27 milhões de copos plásticos no período. A agência contabiliza cerca de três copos por viajante, mas alerta que o número pode ser ainda maior.
Os dados foram revelados durante o 1º Encontro da Navegação Sustentável na Amazônia – evento realizado em Santarém (PA) com apoio do SEST SENAT, nesta quinta e sexta-feira (27/7 e 28/7). Há uma preocupação sobre a necessidade de coleta seletiva nas embarcações, além da conscientização para que os passageiros deixem de jogar lixo nos rios. Não há números do total de toneladas despejadas nas águas. Mas, na prática, parte desses 27 milhões de copos vai para os rios e outra parte para os lixões. “A conscientização não é fácil. Muito se fala sobre o meio ambiente da Amazônia, mas se trabalha pouco por ele. A Antaq pode até determinar a coleta seletiva, mas não adianta se o usuário não tiver a consciência e deixar de jogar lixo nos rios, sobretudo o Tapajós e o Amazonas”, afirmou o diretor da agência Adalberto Tokarski. Pesquisa encomendada pelo órgão revela que 49% dos passageiros que navegam nesses rios possuem apenas ensino médio. Além disso, apenas 13% possuem renda superior a cinco salários mínimos.

 

A agência reguladora pretende intensificar a campanha “Rio Limpo, Amazônia Viva”, sobretudo com essa parcela da população. Uma das ações é fazer com que os passageiros passem a levar copos reutilizáveis para as embarcações, além de adotarem a coleta seletiva e destinarem os resíduos para locais apropriados.

O presidente da Fenavega (Federação Nacional das Empresas de Navegação Aquaviária), Raimundo Holanda, acredita que a campanha é satisfatória, mas, segundo ele, de nada adianta focar na tripulação e nos passageiros se não houver investimento na infraestrutura de embarque e desembarque. “Em Manaus, existe uma plataforma de passageiros na beira do rio Negro. Eu considero aquilo um lixão flutuante. Como iniciar uma campanha se o próprio local é muito mais sujo do que tudo que possa acontecer dentro do barco? Tínhamos que dar pelo menos dignidade ao embarque e ao desembarque”, ressaltou.

Lixão

A Antaq estima que, dos 53 munícipios da Amazônia, 17 possuem lixões, cinco possuem aterros sanitários, quatro têm unidades de triagem e somente três têm valas específicas para serviços de saúde. Em Santarém, por exemplo, município que produz cerca de 150 toneladas de lixo por dia, os resíduos eram despejados em um lixão a céu aberto. “Isso era um crime ambiental. Decidimos mudar essa postura e passamos a colocar um caminhão dentro de uma balsa recolhendo lixo pelas comunidades ao redor dos rios. Ele volta trazendo resíduos sólidos e não despeja mais nesse local”, explicou o prefeito Hélio Aguiar.

O prefeito contou que existem muitas embarcações na região, todas produzindo lixo. Segundo ele, houve um período em que o transporte de passageiros era feito por meio de lanchas rápidas. “Mas chegamos ao momento do ferry de cargas, veículos e passageiros. Não são mais barcos de 150 passageiros. Estamos falando em mil passageiros por embarcação. Todos navegando e produzindo lixo. Precisamos trabalhar a consciência dessas pessoas para proteger nossos rios, nascentes e igarapés”, alertou.

Fonte: Evie Gonçalves
Agência CNT de Notícias