No Porto, falar inglês com fluência facilita contratação

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Análise é de especialistas no mercado de trabalho portuário. Para eles, é difícil encontrar profissionais com esta habilidade

por Leopoldo Figueiredo / A Tribuna

A maioria dos empregos no setor portuário tem uma exigência em comum: o candidato tem de falar inglês. A princípio, diante da expansão das redes de ensino de línguas estrangeiras nos últimos anos e do fácil acesso às culturas americana e britânica, através da internet, do cinema e dos canais de TV a cabo. Parece uma demanda fácil de ser atendida. Mas, segundo especialistas nesse mercado de trabalho, encontrar um profissional com este perfil é uma das tarefas mais difíceis.

Isso ocorre pois, nas empresas que atuam no segmento portuário, não basta “saber falar”. É preciso se comunicar com fluência, dominar a língua. E esse tipo de qualificação não é tão comum.

“É corriqueiro um anúncio de emprego pedir profissionais que saibam falar inglês. E muitos aparecem aqui, para a seleção, tendo passado por cursos. Têm até certificado. Mas 90% são aqueles que fizeram um curso na adolescência, conseguiram proficiência, mas nunca mais praticaram”, conta a psicóloga Rita Zaher, diretora-executiva do Espaço Santista de Recursos Humanos, que presta serviço para empresas do Porto de Santos na seleção de profissionais.

Segundo Rita, quando esses candidatos são testados em sua fluência, acabam reprovados. “As companhias buscam profissionais que saibam se comunicar, possam conversar com um cliente nos Estados Unidos ou com o escritório central na Europa, preparar e fazer apresentações sempre em inglês. Ou seja, que dominem a língua. E não é fácil encontrar esse candidato”.

A mesma avaliação tem o especialista em Gestão de Recursos Humanos Fábio Sartori, proprietário da Sartori Desenvolvimento Humano e Organizacional, que também presta serviço a companhias do Porto na a seleção de profissionais. Ele conta que é comum grande parte dos candidatos considerar que tem um “bom inglês”, mas quando entrevistados na língua estrangeira, apresentam dificuldades para se comunicar.

Segundo Sartori, “a pessoa acha que tem um inglês forte, mas não tem. As empresas nem pedem diploma de curso. O que elas querem mesmo é conferir na prática. Se souber se comunicar, está a um passo de ser contratado”.

Os dois especialistas explicam que o domínio dessa segunda língua é exigido para as mais variadas funções. No setor comercial de uma agência de navegação, uma armadora, um terminal ou uma transportadora, a habilidade é “essencial” no contato com clientes. Na parte administrativa, a demanda também existe, principalmente quando o profissional terá de se comunicar com filiais ou a própria matriz em outros países.