Mecânico luta para manter aberto o único cinema de rua da Paraíba

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Regilson e seu projetor, montado com peças de dois equipamentos antigos

 

por André Cananéa / O GLOBO

Com a afabilidade de Alfredo, o amor de Totó pela sétima arte e a determinação de Francisglaydisson, o mecânico Regilson Cavalcanti Silva, de 32 anos, sustenta, há dois, seu Cinema Paradiso com as adversidades de um Cine Holliúdy. Inaugurado em 13 de fevereiro de 2012, o Cine RT (R, de Regilson, e T, de Thamires, mulher dele) fica em Remígio, na Paraíba. Com pouco mais de 17 mil habitantes e distante 147 km da capital, João Pessoa, a cidade que possui uma única videolocadora ainda dá pouca atenção ao empreendimento.

— Quando a semana tá boa, eu chego a ter 45 pessoas aqui — conta Regilson, que ganha a vida consertando motos numa oficina montada há oito anos, numa rua próxima ao cinema.

Com filmes dublados em duas sessões, de segunda a sexta-feira, às 18h e às 20h, e uma matinê às 16h, nos sábados e domingos, o cinema cobra ingressos de R$ 4 (meia) e R$ 8 (inteira). Mesmo mantendo uma programação atualizada — na semana passada estava em cartaz “Frankenstein — Entre anjos e demônios”, de Stuart Beattie, que seguia no circuito carioca até o último dia 13 —, ele não consegue levantar receita suficiente para manter o cinema. Somando o aluguel do prédio, o custo com filmes — que pode chegar a R$ 2 mil a unidade —, os impostos e as despesas operacionais, o Cine RT parece um investimento kamikaze.