Aquaviário: Maré favorável

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Setor aquaviário cresce com eficiência de gestão, força de commodities, cargas conteinerizadas e apetite chinês

Apesar da pandemia da covid-19, o setor portuário no Brasil segue em uma maré favorável. Pelos portos brasileiros, saem commodities, como minério, petróleo, soja, milho e café, além de carnes, produtos químicos, orgânicos e contêineres carregados, que alavancam grande parte do PIB (Produto Interno Bruto) e movimentam uma parte importante da logística brasileira e de vários outros países que precisam dos nossos produtos e insumos.

A China, aliás, primeiro país afetado pela doença, ocupa lugar de destaque. De janeiro a abril, houve um aumento de 11,7% nas exportações para o país. Em 2019, as instalações portuá-rias brasileiras movimentaram 1,10 bilhão de toneladas. Números analisados pelo boletim Economia em Foco, da CNT, de junho, apontam que o setor cresceu 16,3% em abril de 2020, se comparado ao mesmo período de 2019.

Dados da Antaq (Agência Nacional de Transportes Aquaviários) mostram que, no primeiro quadrimestre do ano, a movimentação portuária cresceu 3,71%. Do total, os portos privados movimentaram 65,2%; e os públicos, 34,8%. Segundo o presidente da ATP (Associação de Terminais Portuários Privados), Murillo Barbosa, além de questões de demanda e oferta, esse aumento está relacionado ao fato de a logística de transporte do Brasil ser estratégica para garantir o abastecimento de insumos essenciais. “Os combustíveis minerais e as cargas conteineri-zadas foram os grandes responsáveis pelo aumento da movimentação. Além disso, pelos TUPs (Terminais de Uso Privado), passam diariamente produtos que são utilizados nas casas, nas indústrias e, principalmente agora, nos hospitais.

Barbosa ainda cita que, para chegar ao saldo positivo, o setor investiu. “A carteira de investimento dos terminais portuários privados nos últimos oito anos chegou a R$ 43 bilhões entre ampliações e construção de novos terminais.”No Porto de Paranaguá (PR), a movimentação de cargas no período foi 25% superior se comparado aos mesmos meses do ano passado, fala o gerente da Cargill em Paranaguá (PR) e diretor do conselho de admi-nistração da Atexp (Associação dos Terminais do Corredor de Exportação de Paranaguá), André Maragliano.

“O produto que impulsionou foi a soja, com um aumento de 58%. Trabalhamos com granel no porto e, no ano passado, exportamos 5 milhões de toneladas. A tendência para este ano é exportarmos em torno de 5,5 milhões.” Para garantir a eficiência e rapidez na operação, Maragliano destaca um sistema de terminais interligados. “Operamos em um corredor de exportação com três berços de atracação e dez terminais interligados que operam em sistema pool, quando um mesmo navio pode ser carregado por mais de dois ou três terminais e, às vezes, até quatro.”

Além disso, ele cita que, para elevar a eficiência do transporte, utiliza-se um sistema de agendamento de cargas online. “Ele estabelece regras de atracação que permitem fluxo e logística inteligentes. Melhoramos a eficiência e reduzimos o tempo de espera de navios para operação.” Outra boa notícia é que o efeito negativo da covid-19 para as exportações à China ficou restrito ao mês de janeiro, pico da epidemia naquele país, quando houve uma queda de 15,3%. Nos meses seguintes, até abril, o que se viu foi um aumento de 11,7%.

Fonte: Revista CNT