Golfinho mais ameaçado de extinção do litoral brasileiro é encontrado morto com rede de pesca no focinho

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             Animal foi encontrado morto na beira do mar de Capão da Canoa Marco Favero / Agencia RBS

Uma toninha (Pontoporia blainvillei) foi encontrada morta por veranistas na tarde desta segunda-feira (4) na beira da praia de Capão da Canoa, no Litoral Norte. O animal estava com uma rede verde de pesca enrolada no focinho, que guarda mais de 200 dentes, o que parecia impedir a sua abertura, e encalhado na areia nas proximidades da guarita 79 — uma das mais movimentadas da cidade. 

De acordo com o Centro de Estudos Costeiros, Marítimos e Limnológicos (Ceclimar) da Universidade Federal do RS (UFRGS), se trata de uma fêmea e, possivelmente, é adulta. A pesca acidental com redes de emalhe é sua principal ameaça, segundo os pesquisadores do centro. As redes vão no fundo do mar, em profundidade, no mesmo lugar onde as toninhas se alimentam.

— A espécie se alimenta de pequenos peixes que vivem no fundo da coluna de água, o mesmo lugar onde ficam as redes de emalhe, em geral, de um dia para o outro. Dessa forma, ao procurar o seu alimento no fundo do mar, a toninha pode acabar ficando presa às redes e, por consequência, não conseguindo subir para buscar o oxigênio na superfície, uma vez que é um mamífero e respira por pulmões — explicou o biólogo Maurício Tavares, do Ceclimar

Além da pesca, o pesquisador lembra que “outra ameaça à espécie é a poluição dos mares, que também afeta várias espécies de aves e tartarugas marinhas”. 

 

Uso de redes em águas profundas, no mesmo lugar onde o mamífero se alimenta, é a principal ameaça à espécie, segundo pesquisadores

Tavares, que acompanha a situação das toninhas há 22 anos, lembra que o animal é o golfinho mais ameaçado de extinção no litoral brasileiro. Segundo ele, a espécie é endêmica (ou seja, só se desenvolve em um ambiente específico) do Atlântico Sul Ocidental, ocorrendo somente nos litorais de Brasil, Uruguai e Argentina.

A toninha foi encontrada por volta das 14h15min, de acordo com o guarda-vidas que estava no local. No horário, havia muita gente na praia, que passava observando o mamífero raro morto. Um grupo de crianças chegou a questionar se o animal ainda estava vivo. 

Uma equipe do Ceclimar deve fazer a remoção da toninha ainda nesta segunda e levá-la para ser objeto de estudos.

 Fonte: GauchaZH / VITOR ROSA