Falta de dragagem reduz calado e gera custo extra à BTP

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Com a restrição, a BTP mudou o momento do "giro" das embarcações. Está "girando" o navio que chega cheio depois que os contêineres já foram desembarcados - portanto, quando o navio está com o calado menor.
Com a restrição, a BTP mudou o momento do “giro” das embarcações. Está “girando” o navio que chega cheio depois que os contêineres já foram desembarcados – portanto, quando o navio está com o calado menor.

A Capitania dos Portos de São Paulo restringiu o calado – parte da embarcação que fica submersa – permitido para grandes navios acessarem o terminal de contêineres da Brasil Terminal Portuário (BTP), no porto de Santos (SP). A medida decorre do assoreamento da área devido a um “vazio” na realização da dragagem. O contrato firmado pela Codesp, estatal que administra o porto, com a empresa que fazia o serviço terminou em fevereiro e não foi renovado.

A BTP é uma joint venture entre a APM Terminals e TIL, empresas dos mesmos grupos dos armadores Maersk Line e MSC, os maiores do mundo. É um dos seis terminais de contêineres de Santos e foi inaugurado em 2013. Desde então, vem ganhando mercado e se tornou o segundo em movimentação do cais santista, atrás do Tecon Santos, da Santos Brasil.

A restrição, válida desde o dia 20, já causou perdas operacionais e consequente aumento de custos para a BTP, que vislumbra um cenário de “desastre”, nas palavras do presidente Antonio Passaro, se o assoreamento perdurar.

Pela regra da Marinha, somente navios com calado de 12,30 metros na maré baixa ou 13,30 metros na alta podem fazer o “giro”, manobra realizada para atracar ou desatracar. Isso equivale a uma diminuição de 0,90 metro sobre o calado máximo até então permitido na maré alta (14,2 metros). Navios com esse calado medem geralmente 336 metros – cerca de 45% das escalas mensais na BTP são de navios desse porte. Cada metro perdido numa embarcação dessas representa até 700 contêineres que deixam de ser embarcados.

Valor Econômico/Fernanda Pires | De São Paulo