Entrevista Jefferson Puccinelli, diretor da Profab Engenharia

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Puccinelli: Passamos por muitos aprendizados e pagamos caro por isso

A área da PROFAB era de 3 535 metros quadrados, hoje qual o tamanho do empreendimento?

A área não sofreu alteração, porém estamos com um projeto de ampliação e modernização da fábrica, que a tornará mais produtiva e com um sistema de pintura moderno e eficaz. Também faremos a pavimentação das ruas internas do parque industrial e instalação de equipamentos de movimentação de carga. Após a conclusão destas obras teremos um acréscimo de aproximadamente 1.500m² de áreas cobertas. Mas o resultado maior será no ganho de produtividade em decorrência da logística.

Quantos funcionários tem a empresa?

Fechamos o ano de 2013 com 518 colaboradores. Somos a única empresa do nosso segmento 100% riograndina que sobreviveu aos solavancos do segmento de óleo e gás. Tivemos que nos adequar rapidamente às exigências da qualidade. Era entender o processo ou morrer. Temos satisfação de sermos uma empresa organizada, com um setor de qualidade estruturado que tem rastreabilidade de todos os processos.

 E o mais importante é que isto hoje está em nossa cultura. Os processos deixaram de existir por ser exigência do cliente. Hoje os processos e procedimentos existem porque são fundamentais para a gestão de todos os setores da empresa. Tempos atrás nos preparávamos para receber uma visita de qualificação por parte de um novo cliente. Hoje, não mudamos absolutamente nada para receber visitas. O dia que chegar, a hora que chegar nossos procedimentos e rotinas são as mesmas.

Qual a área disponível da PROFAB hoje?

Nossa área disponível no site da fábrica é 20.000m². Dependendo do tipo de atividade, há necessidade de áreas maiores. Temos disponibilidade de uma área de 50.000m² que poderá ser utilizada tão logo haja demanda para tal.

Quais as obras de destaque da Profab no Polo Naval?

 As primeiras grandes peças de caldeiraria foram as mesas dágua para o sistema de corte à laser da WTorre. Seguidas dos tanques de decapagem para a mesma empresa. Mas isso foi no início. Fizemos peças bem maiores, entre elas o Silo de Cinzas para a Usina Termelétrica Presidente Médici – de Candiota- RS. Essa foi uma peça de caldeiraria muito trabalhada, com um traçado realmente bem elaborado.

 Ganhamos esta obra tecnicamente quando na oportunidade da entrega da proposta comercial entregamos uma maquete da peça desenvolvida em escala e construída em papelão. O contratante tinha dúvidas em relação à geometria da peça, de projeto chinês, que foram elucidadas com a visualização da maquete, por sinal muito bem construída. Dentro das plataformas tivemos escopos importantes como pipe-rack, mini-módulos, mooring system, entre outros.

As empresas de fora tem apostado em nossa capacidade. As empresas locais trazem empresas de fora para atender contratos bem menores dos que nos são confiados pelas empresas de fora 

Hoje vocês trabalham para quais as empresas?

Fornecemos para a QUIP  na P-55 e P-63. Para a CQG na P-58. E somos fornecedores da ECOVIX e Engevix. Fornecemos para empresas que atuam fora de Rio Grande em projetos de Óleo e Gás, como foi o caso da SOTREQ para o sistema de geração de emergência para a P-25 no Rio de Janeiro. Para a Bardella na fabricação e montagem de tubulação de um desidratador Eletrostático que foi utilizado na plataforma CHERNE I da Petrobras. Para a DRESSER-RAND na montagem do módulo de geração de energia para a P-55, fomos a empresa contratada pela DRESSER e fornecemos toda a mão-de-obra desde o início da implantação do canteiro até a montagem do último componente no módulo.

Fabricamos estruturas dos módulos de redução de sulfato para a também multinacional Aker Solutions, instalados nas plataformas P-58 e P-62. Também fabricamos vasos de pressão para a Refinaria Riograndense, para a Irgovel em Pelotas. Fomos importante fornecedor de estruturas e montagem para a construção da Fase C da Usina de Candiota , estruturas e tubulação para as Usinar Termelétricas Global I e Global II, em Candeias na Bahia. Para a Usina Termelétrica de João Pessoa, na Paraíba, onde fornecemos também procedimentos e controle da qualidade.

O case da PROFAB demonstra que a cidade já tem empresas de engenharia que podem atender a exigente indústria naval. Qual a análise que o senhor faz  de 2007 até hoje?

 Passamos por muitos aprendizados e pagamos caro por isso. Aprendemos muito a duras penas. Hoje, estamos em um  outro patamar em termos de organização, estrutura de recursos humanos, recursos tecnológicos e qualidade. A fabricação, por exemplo, tem sete etapas bem definidas no processo. Todo o processo com rastreabilidade real.  Temos uma equipe de planejamento, de controle de produção, de engenharia de primeira linha. Temos nossos próprios índices e maturidade técnica para discutir os projetos no que se refere a organograma, histograma enfim, tudo o que se refere ao processo de fabricação e execução. Temos orgulho em dizer que somos uma empresa 100% Riograndina e que cresceu com a vinda do Polo Naval. Agradecemos as empresas que apostaram em nós e acreditaram que éramos capazes. Ainda existe algum pré-conceito por parte das empresas locais em contratação de empresas Riograndinas. Porém, tem diminuído com o passar do tempo e hoje nossos contratos são vultuosos em valor e em prazo de execução. Hoje temos plenas condições de competir com empresas que atuam há mais tempo neste meio de igual pra igual. Com a vantagem de termos um passivo menor, ter uma gestão mais moderna, sem vícios e com capacidade técnica reconhecida.

Temos uma equipe de indiretos muito qualificada, formada por soldadores de ligas especiais, caldeireiros e encanadores de primeira linha. Nosso RH está com processos ajustados,  que possibilitam uma velocidade de mobilização acima da média o que é hoje um diferencial competitivo. Hoje temos também um banco de dados de profissionais qualificados, o que permite também uma rápida mobilização.

O mercado está atendendo as expectativas da empresa?

O mercado vem apostando em nós e felizmente estamos conseguindo responder adequadamente. O interessante é que aquela velha máxima continua sendo válida: Santo de casa não faz milagre. Ou seja, as empresas de fora tem apostado em nossa capacidade. As empresas locais trazem empresas de fora para atender contratos bem menores dos que nos são confiados pelas empresas de fora.

Mas não podemos reclamar do mercado, temos crescido bastante a cada ano. E em 2014 já temos em carteira o valor do faturamento do ano passado.Temos que administrar o caixa, pois as nuances são grandes. Um atraso em uma medição, em liberação de uma nota ou até mesmo do pagamento faz diferença. Os valores são grandes e atrasos geram dificuldades. Mas quem está na chuva é pra se molhar.