>Entrevista Comandante da Marinha, almirante Júlio Soares de Moura Neto

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>Em entrevista a Revista ConexãoMarítima, ediçao 41, o comandante da Marinha mais uma vez demonstrou seu descontentamento em relaçao ao salário dos militares. O almirante Júlio Soares de Moura Neto, é um porta- voz da insatisfação dos militares no que se refere a falta de recursos para as Forças Armadas.Ele pede o reaparelhamento da Marinha, que na sua opinião está em uma “situação critica”. O comandante também lamenta as dificuldades para que as demandas sejam atendidas, Em sua opinião, por falta de equipamentos, a costa brasileira não está protegida como deveria.

Com 65 anos, Júlio Soares de Moura começou a carreira na Marinha em 1964, como guarda-marinha. É almirante- de- esquadra desde março de 2003. Para o almirante, a cabotagem no Brasil é viável. “Ela representa a manutenção de uma frota marítima nacional para garantir o transporte marítimo e o escoamento da produção nacional em situações de crise internacional”, avalia Moura Neto.

Abaixo, alguns trechos da entrevista com o comandante da Marinha Brasileira. A entrevista na íntegra está na ediçao impressa da Revista Conexão Marítima ( www.conexaomaritima.com.br)

A escassez de recursos é histórica nas Forças Armadas. No caso da Marinha, certamente acumulou algumas demandas. Quais os reflexos que isso acarretou, por exemplo, para a esquadra brasileira?

Neto: O fato é que, nos últimos anos, foram antecipadas as baixas do serviço ativo de inúmeros navios e aeronaves, em função de acentuados níveis de degradação e obsolescência, acelerados pela impossibilidade de manutenção adequada, resultante de limitações orçamentárias.

Nos últimos oito anos, foram desativados vinte e dois navios e seis aeronaves, tendo sido incorporados apenas doze navios.

CM: Em que estágio esta o Programa Nuclear da Marinha? Qual a previsão para concluí-lo? Como está esse projeto do submarino nuclear?

Neto: O Programa Nuclear da Marinha, que a Força vem executando desde 1979, com enorme sacrifício, visa capacitar o País a dominar o ciclo do combustível nuclear e a desenvolver e construir uma planta nuclear de geração de energia elétrica, incluindo-se aí a confecção do reator nuclear. A primeira parte do propósito – domínio do ciclo do combustível – já foi atingida, restando ainda o esforço de conclusão da segunda parte – a planta nuclear. Desenvolvidos e concluídos esses dois projetos, estarão criadas as condições para que, no futuro, havendo uma decisão de governo possa ser dado início à elaboração do projeto e a posterior construção de um submarino com propulsão nuclear. Esse foi o caminho percorrido por todos os países que possuem submarinos nucleares nas suas marinhas. Desde que haja investimentos anuais de cerca de R$ 130 milhões, durante os próximos oito anos, o reator poderá ser testado.

CM: Quais as razões para construir um submarino nuclear?

Neto: Na concepção estratégica da nossa Marinha, a disponibilidade de submarinos convencionais acrescenta importante dimensão ao nosso Poder Naval (são silenciosos; operam em águas litorâneas etc.). Entretanto, a disponibilidade de submarinos com propulsão nuclear garantiria invejável capacidade de dissuasão. Os dois são importantes e necessários, sendo intenção do Presidente da República levar o assunto ao Conselho de Defesa Nacional.