O cabo submarino de fibra ótica entre Brasil e Portugal inaugurado na última terça-feira (1º) deve oferecer internet rápida e estável para usuários. O EllaLink, como é conhecido, é o primeiro de alta capacidade a ligar os dois países.
Os usuários vão se beneficiar da estrutura após operadoras de internet, bem como serviços de streaming, de nuvem e financeiros, como bancos e bolsas de valores, adquirirem parte da capacidade de tráfego. O cabo também será utilizado por instituições de pesquisa e redes corporativas.
Em resumo, o novo cabo traz duas melhorias:
-
Alta velocidade e baixa latência, que é o tempo que uma informação leva para sair de um ponto ao outro. Isso é útil para serviços que têm um tráfego intenso de dados e exigem um tempo de resposta curto, como jogos online e transmissões ao vivo.
-
Segurança: a conexão direta entre Brasil e Portugal diminui riscos, já que os dados não precisam passar por equipamentos de outros países, como os Estados Unidos.
Extensão
Com cerca de 6 mil quilômetros, o EllaLink sai de Fortaleza, para onde também são enviadas informações de São Paulo e Rio de Janeiro. Há ainda uma ligação com a Guiana Francesa.
Da capital cearense, o cabo segue em direção à cidade de Sines, em Portugal, que, por sua vez, é interligada por cabos terrestres a Lisboa, Madri, Barcelona e Marselha. No Oceano Atlântico, ele também se conecta com Cabo Verde, Mauritânia e Marrocos, além de Ilha da Madeira e Ilhas Canárias.
EllaLink é o primeiro cabo de alta velocidade entre América Latina e Europa. — Foto: Arte/G1
Mais velocidade, menos latência
Criado para ter vida útil de 25 anos, o cabo deve garantir mais velocidade na comunicação entre os continentes. Segundo a EllaLink, empresa que o construiu, ele foi projetado para ter capacidade de tráfego de 72 Terabits por segundo (Tbps). No entanto, uma mudança na fase final de instalação elevou o número para 100 Tbps.
Desde 2014, outros cabos de alta capacidade, semelhantes ao EllaLink, foram instalados entre a América do Sul e a América do Norte. No entanto, eles são superados pelo novo cabo entre Brasil e Portugal por conta de outro fator.
A latência, isto é, o tempo que uma informação leva para sair de um ponto ao outro, do EllaLink é de menos de 60 milissegundos. De acordo com a companhia, o número representa uma queda de 50% ao que costuma ser registrado.
A redução da latência acontece porque, até então, a comunicação de alta velocidade entre Brasil e Europa dependia de cabos que passam primeiro pelos Estados Unidos. A rota direta permite que os dados cheguem mais rapidamente ao destino.
A conexão direta entre América Latina e Europa pode melhorar o desempenho de aplicações que dependem de um tráfego intenso de dados, diz o gerente de infraestrutura do IX.br, projeto do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), Julio Sirota.
“A instalação do novo cabo submarino deve criar rotas mais curtas com a Europa e consequentemente com latência menor, permitindo uma melhor performance para quem pretende utilizar jogos e fontes de streaming de vídeo localizados na Europa”, explicou.
Em comunicado, o governo brasileiro destacou que o EllaLink vai melhorar oportunidades de pesquisa e educação na América Latina e na Europa. Isso porque parte da capacidade do cabo será destinada a um consórcio acadêmico.
O Construindo a Ligação da Europa com a América Latina (BELLA, na sigla em inglês), como é conhecido, reúne instituições de pesquisa de países nas duas regiões. A expectativa é que o cabo ajude pesquisadores a acessarem equipamentos científicos que estão em outros países.
Mais privacidade
A conexão entre América Latina e Europa por meio do EllaLink também oferece mais segurança na comunicação. Isso porque ele não precisará de um país intermediador, como os EUA, para chegar ao destino.
O projeto do cabo submarino foi criado em 2012, mas ganhou força anos depois da revelação de um escândalo de espionagem americana.