Dona de estaleiro em Rio Grande acumula dívidas e tenta aprovar plano de recuperação judicial

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A Petrobras afirmou que não tem interesse na obra dos cascos da P-71 e P-72, que estão quase prontos. A ideia da Ecovix é implantar no lugar do estaleiro um terminal, que opere desde movimentação de cargas até reparos em plataformas petrolíferas e embarcações.

A Ecovix, dona do estaleiro de Rio Grande, na Região Sul do Rio Grande do Sul, acumula dívidas milionárias e tenta aprovar um plano de recuperação judicial junto aos credores para retomar as atividades. O passivo é estimado em R$ 7,6 bilhões, enquanto a estrutura é avaliada em aproximadamente R$ 3,6 bilhões.

Os quase 500 credores não chegaram a um acordo. Um deles conseguiu uma liminar na Justiça, impedindo novas assembleias. Na quinta-feira (26), o Tribunal de Justiça avalia se as reuniões devem continuar e se a proposta de pagamento das dívidas tem viabilidade.

A direção da Ecovix diz que só a aprovação do plano de recuperação evita a falência do complexo. “A gente aguenta mais dois, três meses na situação atual. Sem a aprovação do plano, a gente não consegue dar continuidade no plano de negócios, começar a trabalhar pra limpar a área do estaleiro e seguir com toda a operação”, afirma o diretor-executivo da empresa, Christiano Morales.

Nesta terça-feira (24), diretores da empresa se reuniram com o governador José Ivo Sartori no Palácio Piratini para pedir o apoio do governo do estado. O Executivo vai formar uma comissão para conversar com o Judiciário.

“Existe uma independência total do Poder Judiciário para tomar as decisões. O que nós vamos colocar é justamente a posição do Rio Grande do Sul, da importância dos ativos lá existentes, que podem se tornar sucata se não houver justamente uma continuidade dos trabalhos que precisam ser desenvolvidos lá”, destaca o secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia, Evandro Fontana.

Em 2010, a Petrobras contratou a Ecovix para fabricar oito cascos de plataforma. Três anos depois, a Operação Lava Jato descobriu irregularidades e prendeu diretores do estaleiro. Em dezembro de 2016, o projeto de quase R$ 10 bilhões foi cancelado e 3,2 mil trabalhadores demitidos.

Atualmente, o local está tomado por teias de aranha. No dique seco de 350 metros de comprimento, nenhuma movimentação. Na parede, o mato cresce enquanto parte da P-71 se deteriora. Os guindastes para erguer até 2 mil toneladas estão parados.

“Hoje em dia, é difícil ver o sorriso na cara do ser humano aqui. Não tem condições, sabendo que em casa sua família está passando necessidades”, lamenta o soldador Luis Carlos dos Santos, que está desempregado.

 

Fonte: G1