“Disciplina e atualização constante são fundamentais para profissão”

0
763
IMPRIMIR

Por Aerton Guimarães / Agência CNT de Notícias

Para celebrar o Dia do Motorista – 25 de julho – a Agência CNT de Notícias entrevistou o melhor motorista de caminhão do Brasil, o pernambucano de Jaboatão dos Guararapes Fernando Pitanga.

Ele ficou em primeiro lugar na última edição da competição promovida pela Scania, em 2010, deixando para trás mais de 28 mil concorrentes de todos os estados brasileiros. De lá pra cá, muita coisa mudou em sua vida. Hoje ele comemora a data não apenas como motorista, mas também no papel de empresário do setor.

Aos 37 anos, Fernando exerce a profissão de motorista de caminhão desde 1994. Mora em Salvador (BA), é casado e tem três filhos (de 9, 17 e 20 anos). Na entrevista, Fernando dá dicas sobre os requisitos para ser um bom profissional, fala sobre as transformações em sua vida e reivindica melhor infraestrutura para os caminhoneiros. Confira:

Agência CNT: Fernando, o que mudou na sua vida após vencer a competição, em 2010?

 

Fernando Pitanga: Quando me inscrevi no Prêmio, estava desempregado, em busca de uma empresa que se encaixasse com o meu perfil. Primeiro ganhei a etapa regional e, nesse meio tempo entre a regional e a final, consegui um emprego, o que foi ótimo. Depois de vencer, surgiram várias oportunidades. A transportadora Henrique Stefani, que tinha me contratado como motorista, me convidou para trabalhar como instrutor. Além disso, entrei em contato com a Scania e conseguimos viabilizar, pelo ProCaminhoneiro, a compra do meu caminhão. Assim, deixei de ser empregado da Stefani para ser parceiro, com minha própria empresa de transporte. Minha vida mudou completamente.

A competição de Melhor Motorista de Caminhão do Brasil já conta com mais de 30 mil inscritos. O que o melhor motorista precisa ter?

Precisa estar atualizado com tudo que há de novo, em tecnologia, saber de todos os equipamentos, e tem que estar atualizado sobre a legislação, porque ela está mudando o tempo todo, a cada dia com uma resolução nova. Além disso, disciplina é fundamental. Na competição em si você tem que ter muita calma e fazer o que faz no dia a dia.

E por que você acha que se destacou na competição? O que o fez levar o prêmio?

Na grande final, os 30 motoristas tinham o mesmo nível. Eu me considero igual aos demais 29. O que muda é um simples detalhe, é o nervosismo que influencia na hora, mas o nível profissional dos 30 que estavam ali era praticamente idêntico. Foi uma competição bastante acirrada.

Qual é a sua rotina? Em média, passa quanto tempo viajando?


Eu viajo por todo o Brasil, mas por conta da quantidade crescente de roubos em São Paulo e em outros estados do Sudeste, tenho rodado mais no Nordeste, da Bahia para Fortaleza e Recife, pois aqui está mais tranquilo nesse sentido. Normalmente viajo na segunda-feira e volto no fim de semana para casa mas, em média, passo quatro ou cinco dias em casa com a família.

Em relação às rodovias, como você avalia a infraestrutura?


Olha, hoje está bem melhor, principalmente no Nordeste. Mesmo sem pedágio, tem melhorado. Disso não tenho muito o que reclamar não. A situação é bem diferente da de alguns anos atrás. O que falta mesmo é segurança.

O que você acha da profissão de motorista? O que precisa melhorar?
Eu acho uma boa profissão, e acho que muita coisa vai melhorar em breve. O que precisa mudar, urgente, é que não temos suporte nas estradas. Se paramos num posto de combustível para pernoitar, o cara pergunta – “você é cliente, vai abastecer? Não? Então não pode parar no posto” – e gente fica como?

O governo não criou algo para obrigar as concessionárias a criar pátios de descanso. Tem pouquíssimos, só em São Paulo, Santos, mas é bem pulverizado. Aqui no Nordeste, por exemplo, não tem. Nos postos que permitem o nosso descanso, a situação é precária, com espaços pequenos. Acho que poderiam reservar os espaços que ficam atrás dos postos da Polícia Rodoviária Federal, por exemplo, que daria uma certa segurança para nós.

Quais os seus planos, vai continuar como motorista?


Quero ficar mais um ano dirigindo até acabar de pagar o caminhão e, logo depois, comprar um outro caminhão. Com isso, vou colocar dois motoristas para rodar, e eu vou apenas dar suporte, cuidar da manutenção, para poder ficar mais tempo em casa. Quero continuar parceiro da Stefani, não tenho vontade alguma de sair.

Serviço
Mais de 30 mil profissionais já se registraram na competição de Melhor Motorista de Caminhão do Brasil 2012. As inscrições podem ser feitas até esta quinta-feira (26) pelo site da montadora ou em algum ponto da rede das concessionárias. Para mais informações, acesse o regulamento da competição, também disponível no site.