Uma das brincadeiras de Maria do Socorro, 11 anos (na foto abaixo, aos 8 anos), é plantar e cuidar de uma pequena horta próxima de sua casa na comunidade de Feijão, em Mirandiba, no semiárido pernambucano.“Já plantamos, colhemos e comemos alface e tomates”, conta Socorro.
A brincadeira não seria possível há alguns anos. O clima seco da região e a falta de água na comunidade restringia o plantio de alimentos às épocas de chuva, entre os meses de dezembro a abril.
Cultivar alface, tomate, cebola, coentro, berinjela, goiaba, mamão, entre outras frutas e hortaliças, só se tornou viável quando a comunidade começou a buscar fontes alternativas de água com o apoio da Conviver, organização parceira da ActionAid no local.
Os recursos que ajudaram a comunidade a transformar sua realidade foram obtidos por meio do sistema de Apadrinhamento da ActionAid.
Pai e mãe em casa
Os pais de Socorro (foto abaixo à direita) e os de outras crianças que vivem em Feijão já não precisam mais se ausentar para conseguir trabalho ou plantar. Podem produzir ali mesmo, perto de casa e acompanhar o crescimento de seus filhos.
Um projeto de irrigação tornou possível a produção local de alimentos, o que melhorou a qualidade de vida e possibilitou o desenvlvimento local.
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“Eu me sentia mal, porque minha mãe deixava a gente com a nossa avó para ir para a roça e quando voltava não trazia quase nada, só um pão, que não dava para encher a nossa barriga”, lembra.A mudança começou em 2002, com a idéia de construir cisternas para aproveitar a água da chuva para consumo doméstico e de furar um poço para usar a água do subsolo para tornar possível a irrigação. |
Com água, a comunidade alcançou maior autonomia para produzir independentemente da chuva.Isso também permitiu às famílias cultivarem hortas com legumes e verduras sem agrotóxicos seguindo os princípios da agroecologia. |
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Dinheiro na mão
Com a possibilidade de trabalhar e produzir no local, os homens da comunidade não precisaram mais ir buscar trabalho em fazendas da região, o que muitas vezes provocava o afastamento da família por meses.
Além de produzirem para o seu próprio consumo, os moradores também comercializam parte da produção por meio da Cooperativa dos Agricultores Familiares de Mirandiba. Oitenta por cento da renda gerada pela horta é para a família e 20% tem que ser revertido para a própria horta. A cooperativa montou uma fábrica de polpas de frutas congeladas que produz mais de 300 kg ao ano.
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Por meio da Conviver e com o apoio da ActionAid, os agricultores de Mirandiba conseguiram se cadastrar no Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento). |
A produção de agricultores familiares é comprada pelo governo para ser distribuída em creches, escolas e hospitais da região.
“Para nós foi extraordinário, melhorou a vida, fez com que a gente pudesse ter dinheiro, o que era muito raro por aqui”, conta Maria José Souza, 35 anos, uma das tias da menina Socorro.
Além de melhorar a qualidade do que ia no prato de adultos e crianças, as hortas promoveram o desenvolvimento da comunidade de Feijão, o que inspirou outras comunidades do município a seguirem a mesma iniciativa.
“A parceria e apoio da ActionAid tem permitido que a Conviver a Cooperativa e as Associações Comunitárias beneficiem diretamente mais 1000 pessoas no município, melhorando a renda, a alimentação e o acesso à água”, diz Avanildo Duque, da ActionAid.