Caminhoneiros ameaçam bloquear entrada do Porto de Santos nesta quarta

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O anúncio da paralisação no Porto foi divulgada em vídeo, compartilhado nas redes sociais.

Um grupo de caminhoneiros ameaça bloquear a entrada do Porto de Santos, na região da Alemoa, a partir das 6h desta quarta-feira (20). O motivo é o descontentamento da categoria pela desapropriação de um terreno, no bairro Bom Retiro, que servia como estacionamento de caminhões.

O espaço fica localizado entre o Morro Ilhéu Alto e o Rio São Jorge. Segundo a administração municipal, na última segunda-feira (18), foi feita a desapropriação de parte do terreno que era área alodial que pertencia à empresa Repcon, e solicitado o restante à Secretaria do Patrimônio da União (SPU), porque era área de Marinha.

O terreno será utilizado para a construção da ponte de ligação entre os bairros Bom Retiro e São Manoel, que também ligará a Zona Noroeste à Via Anchieta. O local será utilizado, também, como pátio de vigas, durante as obras, o que, segundo a prefeitura, justifica a necessidade da desapropriação imediata. A outra parte do terreno será usada futuramente pela Cohab para a construção do conjunto habitacional denominado Prainha 2.

O anúncio da paralisação no Porto foi divulgada em vídeo, compartilhado nas redes sociais. “O Porto vai ficar parado por causa da prefeitura, que não soube resolver o problema dos caminhoneiros. Teve três anos para resolver, e não resolveu. Já deixamos avisado que no dia 20, às 6h, estaremos na descida do viaduto [da Alemoa]. Vou pedir para os caminhoneiros não virem para o Porto de Santos. Porque a prefeitura tirou os caminhoneiros do local, não tem onde estacionar em Santos. Nós vamos todos para a descida do viaduto. O Porto vai ficar parado”, diz um dos caminhoneiros na gravação.

Segundo o presidente do Sindicato dos Transportadores Rodoviários Autônomos de Bens da Baixada Santista e Vale do Ribeira (Sindicam), Alexsandro Viviani, o sindicato não está à frente da manifestação, mas foi informado sobre a intenção dos caminhoneiros.

“A gente não é contra fazer a [nova] entrada de Santos. Caminhoneiro é contra ser despejado e a prefeitura não dar nunca uma alternativa. Temos o retorno do problema da Alemoa, que a prefeitura nunca nos ajudou a resolver aquela situação. Temos um pátio para caminhões, com mais de 800 vagas, carimbado pela SPU, que é para caminhoneiros, e precisamos que esse terreno vá para frente. Nós não conseguimos porque a prefeitura não tem interesse em ajudar os caminhoneiros”, disparou Viviani, citando um espaço localizado em frente à Brasil Terminal Portuário (BTP).

O Sindicam deve acompanhar a manifestação para que não haja tumultos ou problemas maiores, mas defendeu que a manifestação é uma reivindicação correta. “Mandar esse recado para Brasília, para que eles consigam mandar verba, para fazer esse estacionamento dos caminhoneiros do Porto de Santos. Porque, hoje, eles estão abandonados”, comenta o sindicalista.

Na manhã desta terça-feira (19), foi realizada uma reunião na Secretaria Municipal de Assuntos Portuários, Indústria e Comércio com os dirigentes caminhoneiros do Sindicam, onde a prefeitura colocou a necessidade do cumprimento judicial. As partes ainda negociam, e a paralisação pode não ocorrer.

‘Problema histórico’

Em nota, a Prefeitura de Santos informou que, em junho de 2018, durante uma reunião conjunta que contou com diversas secretarias da prefeitura e os caminhoneiros, foi encaminhada negociação para que os motoristas deixassem o terreno em dezembro, o que não ocorreu e gerou a ação de reintegração de posse.

A administração municipal classificou a falta de vagas como um “problema histórico”. “Desde o início da atual gestão, a prefeitura tenta liberação, via SPU, de uma grande área em frente ao Terminal BTP. O Governo Federal se comprometeu a liberar a área para a Codesp, mas a empresa não iniciou as intervenções necessárias para que o local se torne um pátio de estacionamento de caminhões”, esclarece a prefeitura.

Ainda de acordo com a administração, em 13 de fevereiro, o prefeito Paulo Alexandre Barbosa (PSDB) esteve reunido com o ministro da Infraestrutura e, entre outros itens da pauta, foi requerido o estudo urgente de um pátio estruturado para estacionamento de caminhões no porto. Por fim, o Poder Público Municipal destaca que está empenhado na solução do problema.

Fonte: A Tribuna