Brasil não vai mandar pesquisadores para Antártica este ano por causa da pandemia

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Esta é a primeira vez que o Brasil não vai enviar os cientistas pra pesquisa de campo no Polo Sul desde a existência do Programa Antártico Brasileiro, em 41 anos.

A expectativa de usar as novas instalações foi vencida pelo bom senso e precaução. Reinaugurada em janeiro deste ano, a Estação Comandante Ferraz custou US$ 100 milhões, mas não vai receber os cerca de 250 pesquisadores que costumam ir todos os anos durante o verão antártico, de outubro a março.

O Jornal Nacional teve acesso ao documento que os cientistas brasileiros vão divulgar na noite desta segunda-feira (13). A decisão segue recomendações internacionais para prevenir a disseminação inter e intracontinental da Covid-19″ e “a possibilidade de transmissão do vírus para espécies da fauna antártica”.

Esta é a primeira vez que o Brasil não vai enviar os cientistas pra pesquisa de campo no Polo Sul desde a existência do Programa Antártico Brasileiro, em 41 anos. Trinta e um países mantêm pesquisa na Antártica hoje. Segundo os cientistas brasileiros, outras nações como Estados Unidos, Austrália, Nova Zelândia e Reino Unido tomaram a mesma decisão.

A Antártica é hoje o único continente em que a Covid-19 não chegou. “É muito difícil retirar alguém do interior da Antártida para a América do Sul. E nós não temos, na Antártica, UTIs, e muito menos respiradores”, explica o cientista Jefferson Simões.

A pesquisa continua daqui. Coordenador de um dos 28 projetos em andamento, Luiz Henrique Rosa, já reorganizou o trabalho da sua equipe a partir de Belo Horizonte: “A gente tem aí a maior coleção de fungos da Antártica do planeta. Ela está na UFMG. Tem muito material para estudar. E esse material está preservado. Todos nós vamos ter condições de cumprir todas as metas propostas no projeto”, diz.

Dezesseis militares da Marinha Brasileira que estão na base desde antes da pandemia vão permanecer para garantir o funcionamento até próxima temporada.

“Seguiremos todos os protocolos e diretrizes para proteger o continente antártico do novo coronavírus e assim, posteriormente, as pesquisas serem de novo realizadas”, afirma a capitã-tenente Letízia Aurilio, uma das militares que estão na base.