Aves oceânicas apresentam contaminação

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Fragamentos plásticos encontrados no conteúdo estomacal de albatrozes e petréis

 Por Valéria Diasvaldias@usp.br

oceânicas e migratórias como os albatrozes e petreis (Procellariiformes) apresentaram altos níveis de contaminação por bifenilos policlorados (PCBs) e pesticidas organoclorados, conforme constatou a bióloga Fernanda Imperatrice Colabuono em uma pesquisa realizada no Instituto Oceanográfico (IO) da USP. Em todas as 103 aves coletadas no litoral do Sul e Sudeste do Brasil foi detectada a presença desses contaminantes no tecido adiposo, no fígado e no músculo dos animais.

“Não se sabe ao certo qual os efeitos causados por estes compostos nas populações de albatrozes e petréis. Novos estudos são importantes a fim de averiguar se essa contaminação interfere ou não no organismo destas aves, e se leva a falhas na reprodução, ao aumento da mortalidade, etc”, sugere a pesquisadora. De acordo com a bióloga, a literatura científica mostra que os bifenilos policlorados (PCBs) e os pesticidas organoclorados são substâncias altamente tóxicas que interferem na produção de hormônios, além de serem cancerígenas.

 

A pesquisadora analisou 103 exemplares de albatrozes e petreis. “No inverno, muitas delas aparecem mortas no Sul do Brasil. Coletamos algumas para a realização da pesquisa”, conta. Outra fonte do estudo foram as aves capturadas durante a pesca de atum, na chamada pesca com espinhel. “O barco lança no mar um cabo, que pode chegar a dezenas de quilômetros, com centenas de linhas com anzóis. As lulas são usadas como iscas. Muitos albatrozes e petreis ficam presos ao tentar capturar esses moluscos e acabam se afogando”, explica.

Albatroz-errante em alto mar. Essas aves apresentam problemas de conservação

O Projeto Albatroz realiza o acompanhamento da atividade pesqueira com o objetivo de reduzir o número de albatrozes capturados de forma não intencional. Alguns exemplares capturados mortos foram doados para a pesquisa de Fernanda. O Projeto é patrocinado pela Petrobras, por meio do Programa Petrobras Ambiental, e tem apoio da Royal Society for Protection of Birds (RSPB), do Programa Albatross Task Force (ATF), do Save Brasil, do Birdlife Internacional e do Ministério da Pesca e Aquicultura.

Fernanda realizou análises laboratoriais do tecido adiposo (local onde os contaminantes mais se acumulam), do fígado e dos músculos e quantificou as substâncias. “Constatamos altos níveis de contaminação em 100% das aves”, aponta a bióloga.