Aliança relata problemas de janela para cabotagem em pelo menos 4 terminais

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Há cerca de três semanas, 300 contêineres não puderam ser embarcados no Vicente Pinzon porque a operação prevista de 1.500 movimentos (900 contêineres de descarga e 600 contêineres para embarque) demandaria ao menos 20 horas, conforme a produtividade do terminal

A Aliança Navegação relatou problemas de janela em, pelo menos, quatro terminais que operam apenas um navio de cabotagem por vez, apesar de terem dois ou mais berços disponíveis. O problema, de acordo com a empresa, tem ocorrido com maior frequência em Salvador (BA), Vila do Conde (PA), Pecém (CE) e Sepetiba (RJ). Em Salvador, como a janela operacional disponibilizada é de 12 horas, houve casos de clientes do armador que deixaram de embarcar ou desembarcar algumas centenas de contêineres.

Há cerca de três semanas, 300 contêineres não puderam ser embarcados no Vicente Pinzon porque a operação prevista de 1.500 movimentos (900 contêineres de descarga e 600 contêineres para embarque) demandaria ao menos 20 horas, conforme a produtividade do terminal. “Terminamos operação de descarga, largamos todos contêineres de embarque para trás, frustrando mais de 300 clientes que não conseguiram embarcar. Em outra semana, deixamos 200 contêineres a bordo porque terminal não conseguiu terminar a operação”, contou o diretor de cabotagem e Mercosul da Aliança, Marcus Voloch, na última quinta-feira (8), durante Seminário Oportunidades no transporte marítimo – Portos do Rio de Janeiro, organizado pela Câmara de Comércio e Indústria Brasil Alemanha (AHK Rio).

Em Vila do Conde, a Aliança precisou retirar um serviço e afretar um navio de 1.700 TEUs porque acabava gastando quatro dias naquele porto e prejudicava o serviço como um todo. A empresa começou a escalar Vila do Conde com navios grandes em 2016 e 2018, mas a demanda continuou a crescer e atracar navios maiores, de 4.800 TEUs de capacidade, ficou mais caro. Segundo Voloch, esse navio representa um custo de US$ 16 milhões e demanda 46 tripulantes, para escalar Pecém e Vila do Conde. No entanto, esse navio ainda não agrega em termos de receita. A empresa acredita que, com o serviço ficando estável e regular, ele acabará se pagando.

A Agência nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) vai acompanhar mais de perto essa questão, que não estava no radar da agência. O diretor-geral da Antaq, Mário Povia, disse que a agência não tem recebido demandas de ausência de espaço em terminais. A Antaq destinará uma equipe para apurar melhor essas programações e eventuais limitações de janelas para cabotagem. Povia lembrou que, nas estatísticas da agência, havia inclusive nível de ociosidade dentro de alguns terminais.

A Aliança acredita que, como os terminais reduziram tarifas visando o equilíbrio financeiro durante a crise, pode ter havido redução do número de celetistas e do uso de portêineres fora de momentos de pico. Voloch observa que menos navios sendo carregados ou descarregados simultaneamente normalmente aumentam a produtividade dos terminais. Operando com um navio apenas, a operação se torna mais eficiente, porém outros navios podem ficar esperando o término da operação do navio.

Para o diretor, os terminais portuários não acompanharam a expansão da cabotagem, que vem crescendo a dois dígitos nos últimos anos. Ele calcula que um terminal que faz, por exemplo, 80 movimentos com um navio apenas, faz de 25 a 30 movimentos em cada navio se opera três navios. “Por isso, os portos concentram em um navio só: para serem mais eficientes. Quem está na fila, está esperando”, ressaltou Voloch.

Fonte: Portos e Navios