“Utilizar as hidrovias é uma forma de redução de custos da logística”- Janir Branco, Superint.Porto do Rio Grande

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Branco: com o aumento de calado, passando para 16 metros, poderemos saltar determinados tipos de produto de 50 mil para 70 mil toneladas
Branco: com o aumento de calado, passando para 16 metros, poderemos saltar determinados tipos de produto de 50 mil para 70 mil toneladas

Por Diniz Júnior

Janir Branco assumiu a administração portuária do Porto do Rio Grande em Fevereiro de 2015, em sua segunda passagem pelo Porto gaúcho. Branco é formado em Direito e tem experiência na área de administração pública, foi Diretor-Superintendente do Porto do Rio Grande em 2009, e ex, prefeito da cidade. Nessa entrevista ele aborda vários assuntos entre eles a dragagem do porto que deve começar no primeiro semestre de 2016 e as medidas que estão sendo adotadas para Rio Grande não perder mais cargas para os portos catarinenses.

O Porto do Rio Grande é considerado o segundo local de maior entrada de fertilizantes do Brasil. Em relação à movimentação total do ano de 2015, quanto representa a importação de fertilizantes em termos percentuais?

Entre janeiro e setembro de 2015, do total importado os fertilizantes representam 68,74% do total movimentado. Em peso, tivemos 2.974.605 toneladas movimentadas.

No primeiro semestre de 2015 a importação de fertilizantes intermediários apresentou uma queda de 22% em relação ao mesmo período de 2014, devido à desvalorização do Real e ao atraso na liberação do crédito para a safra 2015/16. O adiamento das compras está afetando o descarregamento atual de fertilizantes no Porto do Rio Grande?  Qual o tempo médio de espera dos navios para descarga?

Realmente existe uma diferença significativa do recebimento de fertilizantes no comparativo entre os anos. Comparando os dois períodos tivemos uma perda de 15% na movimentação. Esse dado é preocupante a medida que mostra um desaquecimento do setor produtivo que utiliza o fertilizante. Com relação ao tempo de espera de um navio para descarga, é um assunto que depende do período analisado. Em média, entre cinco e dez dias.

A Rússia e o Marrocos se destacaram como principais locais de importação.  Entre os produtos que apareceram como destaque estão os fertilizantes fosfatados. Quais são as principais origens dos navios de fertilizantes que desembarcam no Porto do Rio Grande?

Como um processo globalizado, recebemos os fertilizantes em maior parte da Rússia, mas a bandeira dos navios varia dos países como Ilhas Marshall e Panamá, por exemplo.

 

 Quais os projetos de investimentos em infraestrutura para aumentar sua capacidade de descarregamento?

Os fertilizantes chegam ao Porto principalmente pela estrutura do Superporto, mas também no Porto Novo. Com relação ao Porto Novo estamos em andamento com a obra de modernização de 1.125 metros de cais que irá dar mais segurança e agilidade para a operação. Essa obra é coordenada pela Secretaria de Portos do Governo Federal com um orçamento de R$ 97 milhões. No superporto, estão os terminais privados. A Yara Brasil possui um grande projeto de expansão na cidade gerando mais emprego, renda e claro, ampliando a movimentação.

Como a Superintendência do porto está acompanhando essa questão polêmica da dragagem do porto gaúcho?

É importante esclarecer sobre a competência da execução e fiscalização da dragagem. A obra é coordenada e licitada pelo Governo Federal através da Secretaria de Portos em um investimento de R$ 368 milhões como parte do Plano Nacional de Dragagens. A Superintendência do Porto participa do processo cedendo informações e acompanhando a execução. Como parte desse processo nossa missão é esclarecer todas as dúvidas sociais sobre esse processo. Entendemos a polêmica acadêmica criada em torno do assunto e estamos buscando manter um constante diálogo com os movimentos sociais como OAB e SOS Cassino. Entendemos que é de responsabilidade da SUPRG o diálogo e a busca de um processo transparente em todas as suas etapas.

Qual a previsão de início da dragagem?

A previsão é de que a obra comece no primeiro semestre de 2016.

Operacionalmente o que melhora no porto do Rio Grande com as obras de aprofundamento do calado e finalização dos molhes da barra? Quais os ganhos?

Com um calado maior e uma estrutura que garanta a segurança da navegação poderemos atracar no Superporto navios com tamanhos maiores e operar uma maior quantidade de carga em uma mesma embarcação. Com o aumento de calado, passando para 16 metros, poderemos saltar determinados tipos de produto de 50 mil para 70 mil toneladas. É uma economia no custo do frete que possibilita maior competitividade do complexo perante outros portos brasileiros.

 De que forma Rio Grande pode ser beneficiado pela melhoria da movimentação de cargas dos portos interiores como os de Estrela, Cachoeira do Sul e Porto Alegre?

Sempre que uma carga entra na hidrovia ela só tem um destino: o Porto do Rio Grande. Para nós, a utilização da navegação interior é uma forma de redução de custos da logística gaúcha e uma forma de garantir a utilização do porto marítimo do Estado. Uma carga na ferrovia ou na rodovia pode ser desviada para qualquer porto, mas quando está em uma barcaça a única solução é utilizar o Porto. Portanto, a navegação interior é uma forma de potencializar a logística do Rio Grande do Sul dando ao Estado maior competitividade. Afinal, uma barcaça consegue carregar mais produto do que apenas um caminhão isolado o que acaba reduzindo o preço do frete.