A indefinição na obra das plataformas P-75 e da P-77 em Rio Grande (RS)

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Estaleiro QGI e Petrobras arrastam impasse para construção de plataformas há dois anos
Estaleiro QGI e Petrobras seguem impasse que dura dois anos para construção de plataformas em Rio Grande

Quando o contrato entre a Petrobras e o estaleiro QGI será assinado para, finalmente, dar início às obras de construção das plataformas P-75 e P-77 no porto de Rio Grande? A pergunta está sem resposta desde o início do ano e, por enquanto, ninguém sabe quando será esclarecida.

O impasse começou em setembro de 2013. No Palácio Piratini, sede do Governo do Rio Grande do Sul, a presidente Dilma Rousseff e a então presidente da Petrobras, Graça Foster, assinaram o contrato que garantia a obra para o estaleiro QGI – controlado pelas empresas Queiroz Galvão e Iesa Óleo e Gás. O valor, na época, foi definido em US$ 1,68 bilhão com a promessa de que a P-75 entrasse em operação em dezembro de 2016 e a P-77 em dezembro de 2017. Cada uma teria a missão de produzir, por dia, 150 mil barris de petróleo e 7 milhões de metros cúbicos de gás natural no campo de Franco, da cessão onerosa.”Essas plataformas vieram para ficar. Elas têm que sair o mais rápido possível porque implicam todo o cronograma de produção de óleo e gás no Brasil”, discursou Dilma, à época.

Em setembro de 2013, presidente Dilma Rousseff acompanha a assinatrura do presidente da Iesa Óleo e Gás, Valdir Lima Carreiro, ao contrato das plataformas
Em setembro de 2013, presidente Dilma Rousseff acompanha a assinatura do presidente da Iesa Óleo e Gás, Valdir Lima Carreiro, ao contrato das plataformas

Era o ano de euforia e de “vacas gordas” na indústria naval em Rio Grande. Em 2013, 24 mil trabalhadores estavam mobilizados nos estaleiros do porto gaúcho. O estaleiro QGI, por exemplo, comemorava a conclusão do projeto de três plataformas naquele ano: a P-55, a P-58 e a P-63. Três meses depois, tudo mudou. As denúncias da Operação Lava Jato mergulharam o setor naval em uma crise profunda e projetos previstos – caso da P-75 e da P-77 – acabaram estagnados. Até porque diretores da Queiroz Galvão e da Iesa Óleo e Gás não escaparam da investigação.

Com a lupa rigorosa nos contratos da Petrobras – muitos superfaturados, os chamados aditivos passaram a ser vetados. Sem eles, em fevereiro deste ano, o estaleiro QGI oficializou à estatal sua desistência do projeto. Começava, aí, uma mobilização de lideranças gaúchas e dos trabalhadores para reverter a situação. O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos da cidade gaúcha permaneceu por quase uma semana amarrado em frente ao portão do estaleiro, em protesto. Uma comitiva com 200 trabalhadores seguiu de ônibus de Rio Grande até a sede da Petrobras, no Rio de Janeiro. Retornaram com uma ata assinada, confirmando a realização de uma reunião e a promessa de que os contratos seriam mantidos no Rio Grande do Sul.

A mais recente notícia da novela veio nesta semana através da prefeitura de Rio Grande. Segundo o prefeito Alexandre Lindenmeyer, o diretor da Petrobras, Roberto Moro, garantiu – ao telefone – que a estatal concordou com os novos valores do contrato negociados com o estaleiro. A assinatura por parte da empresa estava, portanto, garantida. Resta, agora, a assinatura por parte da direção do estaleiro – que não se manifesta. “Temos a confiança de que isso vai acontece, no máximo, até o fim da próxima semana”, garante Lindenmeyer. O prefeito disse que pediu a Moro para que a estatal fizesse um anúncio oficial. Teve como resposta a informação de que a Petrobras considera esse procedimento “normal”, sem a necessidade de uma solenidade. “Se eles ficaram todo esse tempo todo negociando, é porque tudo que tinha pra ser decidido já foi. Não tem mais volta”, diz Benito Gonçalves, presidente do sindicato que representa os trabalhadores do setor naval em Rio Grande. Qual o valor dos aditivos ao contrato? Petrobras e estaleiro preferem o silêncio.

Agora, as conversas de bastidores trazem outra preocupação: fontes ouvidas pela Portos&Mercados afirmam que as plataformas P-75 e a P-77 vem praticamente “passear em Rio Grande”. No caso da P-75, o estaleiro do porto gaúcho sediaria apenas a montagem do flare. Já no projeto da P-77, um pouco mais de trabalho: a construção de cerca de quatro módulos. Em resumo, um pequeno o escopo estaria reservado pra cidade – reduzindo significativamente a estimativa de 4 mil empregos entre vagas diretas e indiretas.

Petrobras e o estaleiro QGI, como de praxe, não comentam detalhes do contrato. E a pergunta continua: quando o contrato entre a Petrobras e o estaleiro QGI será assinado para, finalmente, dar início às obras de construção das plataformas P-75 e P-77 no porto de Rio Grande?

Na maquete, os projetos da P-75 e da P-77, ainda sem prazo e sem detalhes
Na maquete, os projetos da P-75 e da P-77, ainda sem prazo para começarem a ser construídas no estaleiro QGI, em Rio Grande