Estruturas de petróleo desativadas garantem crescimento de fauna e flora no Rio

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Estruturas desativadas foram transformadas em fonte de vida

 

O retorno de peixes já desaparecidos no mar de Rio das Ostras, no Rio de Janeiro, é a maior recompensa dos pesquisadores do Laboratório de Tecnologia Submarina (LTS) da Coppe/UFRJ, que desenvolveram um projeto de instalação de recifes artificiais em um dos trechos mais bonitos do litoral fluminense. Utilizando estruturas de petróleo desativadas na Bacia de Campos, o projeto, financiado pela Petrobras, trouxe de volta à região espécies de peixes como a enxada, o cherne e o peroá.

Estimulando o crescimento da fauna e da flora marinhas, os recifes artificiais no litoral de Rio das Ostras abriram uma oportunidade para as comunidades pesqueiras artesanais e a indústria petroleira e possibilitaram a criação de uma legislação específica. O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) criou uma instrução normativa que passou a regulamentar a atividade, permitindo que outros projetos semelhantes sejam desenvolvidos no litoral brasileiro.

 

A instalação de 27 estruturas de aço, montadas com tubos reciclados da indústria petroleira, e 41 estruturas de concreto foi o início do projeto, após licenciamento do Ibama.Em formato de cubo ou pirâmide, as estruturas de aço têm entre6e9 metros de altura. As de concreto, em forma de pirâmide, têm5 metros de base e 3 metros de altura e foram instaladas para permitir a comparação com as de aço. Todas as estruturas foram instaladas em uma área de 20 mil metros quadrados, a 8quilômetros da costa e a 30 metros de profundidade.

Em poucos meses, os tubos de aço começaram a ser revestidos por organismos marinhos. O processo foi acompanhado ao longo de cinco anos por uma equipe de 12 a 20 mergulhadores, incluindo biólogos, engenheiros e técnicos. A equipe acompanhou a integridade das estruturas e quantificou os peixes que apareciam na área, informação comparada à de um censo realizado antes da instalação dos recifes artificiais.

Os pesquisadores da Coppe partiram de experiências anteriores no Japão e nos Estados Unidos para adaptar a técnica de uso do material das plataformas às necessidades locais e desenvolveram braçadeiras especiais para fazer os encaixes dos tubos sem necessidade de solda.“O sucesso do nosso projeto serviu de modelo para várias regiões do país”, diz Marcos Pedreira Silva, técnico do LTS responsável pelas operações de mergulho. O técnico ressalta, no entanto, que a instalação de recifes artificiais depende de uma avaliação prévia dos impactos na região e nas comunidades vizinhas.

Além do LTS da Coppee da Petrobras, participaram do projeto em Rio das Ostras o Instituto de Estudos do Mar Almirante Paulo Moreira (IEAPM), responsável pelos estudos biológicos, e a Federação de Pescadores do Estado do Rio de Janeiro (Feperj).