Lixo: seremos a lixeira dos países ricos?

0
1343
IMPRIMIR
Rastreando a documentação das empresas, foi possível detectar a irregularidade em outros 25 contêineres no porto de Santos (SP). Na documentação, a carga constava como polímeros de etileno para reciclagem. Na verdade, eram toneladas de lixo doméstico e hospitalar, como fraldas, seringas e preservativos / Guga Volks
Rastreando a documentação das empresas, foi possível detectar a irregularidade em outros 25 contêineres no porto de Santos (SP). Na documentação, a carga constava como polímeros de etileno para reciclagem. Na verdade, eram toneladas de lixo doméstico e hospitalar, como fraldas, seringas e preservativos / Guga Volks

O jornal espanhol El País publicou na semana uma série de reportagens sobre a produção de lixo no mundo, tema principal do livro Toma que o lixo é Teu, de minha autoria com lançamento previsto para a segunda quinzena de novembro. Trata-se de um problema muito grave e no caso do lixo enviado pelos europeus para os portos brasileiros é de extrema gravidade. Foi considerado crime ambiental previsto na Convenção de Basileia sancionada por 50 países. Esse rumoroso caso por muito pouco não causou um incidente internacional que só não ocorreu porque o governo da Grã – Bretanha admitiu o envio do lixo e formalizou um pedido de desculpas para o Brasil o que foi solicitado na época pelo presidente Lula.

O envio de resíduos domésticos para os portos brasileiros se transformou em um grande desafio para as autoridades brasileiras. Os europeus encontraram brechas na demanda brasileira por plástico para reciclagem e na falta de coleta seletiva.Mas algo mais grave está cristalino e deve ser amplamente debatido:

a sociedade de consumo não sabe o que fazer com as toneladas de lixo que produz. Há os que defendem que cada país deva armazenar o próprio lixo e não exportá-lo.Outros alegam que em uma economia globalizada é inevitável a livre circulação de mercadorias, inclusive o lixo, e que esse comércio deva ser regulamentado, mas não proibido. Na verdade, como em qualquer negócio que envolva muito dinheiro, o que se deve combater é o comércio ilegal, as grandes máfias. E não transformar os países pobres em um lixão do mundo rico.

Leia a reportagem do El País

O caso do lixo enviado para os portos brasileiros